Após o ministro Alexandre de Moraes autorizar a prisão do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, nesta sexta-feira (13), a sua filha, a ex-deputada Cristhiane Brasil, foi ao Twitter e reclamou da ação policial. Em uma das diversas mensagens que ecoam o tom extremista contra aas ações do Supremo, a ex-parlamentar mandou uma mensagem cifrada ao presidente Jair Bolsonaro, lembrando de um famoso slogan seu: “Cadê o ‘ACABOU PORRA’? Estão prendendo os conservadores e o bonito não faz nada??? O próximo será ele!”, escreveu.
Cadê o “ACABOU PORRA”? Estão prendendo os conservadores e o bonito não faz nada??? O próximo será ele! E se não for preso, não vai poder sair nas ruas já já! ACOOOOOORDA!!!
— Cristhiane Brasil (@crisbrasilreal) August 13, 2021
A mensagem, em tom algo desesperado, aponta para o fato de que Roberto Jefferson passou a integrar um grupo seleto – mas sempre crescente – de bolsonaristas presos durante o último ano, acusados de agir contra a lei ao apoiar os atos antidemocráticos de Jair Bolsonaro. Em todos os casos, o presidente da República buscou afastar a sua imagem dos apoiadores presos – mesmo que haja fotos e provas de apoio espalhadas pela internet.
Abaixo, lembramos os casos de cinco “abandonados” pelo Bolsonarismo:
Publicidade1) Sara Geromini, ou Sara Winter
Sara Winter surgiu para o mundo antes da Copa de 2014, como uma das figuras do braço brasileiro do Femen, coletivo feminista conhecido por ações ousadas. A figura de Sara transmutou-se até se tornar, em 2020, a líder de um movimento de inspiração fascista, o “300 do Brasil”, que acamparam na capital federal e chegaram inclusive a promover cenas de uma “marcha contra o STF“, que reuniu pouco mais de 30 pessoas.
Suas ameaças contra a corte a enquadraram no inquérito dos atos antidemocráticos, e motivaram sua prisão. Em 15 de junho do ano passado, Sara foi presa por ordem de Alexandre de Moraes, sendo solta nove dias depois. Desde então, Sara tem adotado um perfil mais discreto nas redes sociais. Em outubro do ano passado, Sara disse que “estava cansada do governo que dei minha vida” . A crítica era direcionada não apenas à ministra Damares Alves, de quem foi próxima, mas ao chefe de Estado. “Afinal, a praga do Bolsonaro não é a esquerda, é a loirinha que causou tentando defendê-lo”, desabafou.
2) Oswaldo Eustáquio
Em 18 de dezembro do ano passado, o jornalista e polemista Oswaldo Eustáquio era preso pela Polícia Federal, também por sua participação em atos antidemocráticas e ameaças a ministros do STF. Sua prisão foi revista apenas no final de janeiro deste ano.
Eustáquio sempre se mostrou defensor das ideias de Jair Bolsonaro – e era dono de um canal influente na esfera bolsonarista, com conteúdo favorável ao presidente. Em diversos momentos, tentou mostrar proximidade com a ministra Damares – de quem sua esposa, Sandra Terena, chegou a ser secretária. A prisão de Oswaldo, no entanto, não gerou manifestações contrárias do presidente.
3) Daniel Silveira
No meio do carnaval de 2021, a Polícia Federal prendeu em flagrante o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), acusado de promover ameaças a ministros do STF e de fazer apologia a atos antidemocráticos como o AI-5. Pouco tempo depois, o Plenário da Câmara dos Deputados foi obrigado a decidir sobre manter ou não a prisão – e seguiu o decidido pelo Judiciário.
Os comentários feitos por Daniel, eleito na onda bolsonarista de 2018, ecoavam manifestações já feitas por Jair Bolsonaro em momentos anteriores. Bolsonaro, no entanto, buscou se manter afastado da discussão envolvendo o parlamentar por muito tempo. Apenas no final de julho, quando fez a live sobre supostas fraudes eleitorais, Bolsonaro citou o nome de Daniel Silveira e saiu em sua tímida defesa.
4) Roberto Jefferson
Preso nesta manhã pela Polícia Federal no Rio de Janeiro, o presidente nacional do PTB tem uma longa lista de feitos recentes em apoio ao presidente Jair Bolsonaro: chamou o embaixador chinês no Brasil de “macaco”; ameaçou diariamente ministros da suprema corte – mesmo depois de ter sua prisão decretada; e se converteu, de um ex-deputado envolvido em escândalos de corrupção e bases de governos de diversas matizes, em um porta-voz de valores conservadores extremista pró-armas e anti-aborto.
Desde sua prisão até a publicação desta matéria, o presidente Jair Bolsonaro não havia se manifestado publicamente sobre o tema – o que gerou a crítica de Cristhiane Brasil; até mesmo Luiz Ramos, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, silenciou sobre o tema. Há 10 dias, Ramos recebeu Jefferson em seu gabinete e o chamou de “soldado na luta pela liberdade.”
5) Flordelis
O caso da ex-deputada cassada essa semana diverge dos anteriores em alguns pontos: entre os cinco, sua prisão é a única sem ligação com ataques ao Supremo, e é a única que não teve envolvimento direto de Alexandre de Moraes. Envolvida em uma trama familiar que culminou no assassinato de seu então marido Anderson do Carmo em junho de 2019, Flordelis foi apontada um ano depois como a mandante do assassinato, e só teve sua prisão requerida nesta sexta-feira (13), dois dias depois da sua cassação.
Flordelis fez parte de uma bancada próxima ao presidente, a evangélica. Bolsonaro, no entanto, não fez nenhum aceno em direção à parlamentar, que já chegou a defender Bolsonaro no ano passado, dizendo que “ele fazia seu melhor” à frente do país.
> Cármen Lúcia defende combate às fake news pela justiça eleitoral
> PGR foi contra prisão de Roberto Jefferson: “representaria censura prévia”
Deixe um comentário