O juiz Eduardo Fernando Appio, novo encarregado pela condução dos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, determinou nesta segunda-feira (20) a prisão preventiva do doleiro Alberto Yousseff, primeiro investigado da operação que se iniciou em março de 2014. Ele é suspeito de sonegar os valores devidos após sua última condenação, além de falsificar informações à justiça.
Mesmo em liberdade provisória, Youssef segue proprietário de diversos imóveis, além de um helicóptero. Isso levou a Receita Federal a desconfiar da origem desse patrimônio. “O relatório fiscal para fins penais da Receita Federal deixa evidenciado que o acusado não devolveu aos cofres públicos todos os valores desviados e que suas condições atuais de vida são totalmente incompatíveis com a situação da imensa maioria dos cidadãos brasileiros”, afirmou o juiz em sua decisão.
Appio também considera que Youssef tentou obstruir o trabalho da justiça ao registrar na justiça um endereço inexistente, obrigando a polícia a investigar seu verdadeiro paradeiro: uma cidade de praia em Santa Catarina. Na avaliação do juiz, a postura do doleiro “demonstra total desprestígio à justiça federal de seu país, bem como certeza de impunidade”.
O padrão de vida adotado por Alberto Youssef, bem como sua multiplicidade de endereços, é visto por Appio como uma situação privilegiada e “incompatível com todas as condenações já proferidas em matéria criminal”. Suas condenações criminais, que antecederam a própria Lava-Jato, acumulam 20 anos de pena exercida em liberdade provisória na condição de não reincidência.
Youssef conseguiu esse regime de pena brando em função de seus acordos de delação premiada no início da Lava-Jato. Appio, porém, considera que esses acordos não têm mais validade no momento em que é descoberto um novo crime, não havendo justificativa para manutenção de sua liberdade provisória. “Seria, na prática, verdadeira medida de impunidade e não creio tenha sido este o escopo da lei ou mesmo a intenção do acordo então firmado”, argumentou.
Para o juiz, Alberto Youssef é um “investigado com enorme periculosidade social e caráter voltado à prática de crimes financeiros de colarinho branco”, o que torna necessária sua prisão preventiva. Sua audiência de custódia será realizada por meio de videoconferência, e está prevista para acontecer na manhã de terça-feira.
PublicidadeConfira a íntegra da decisão:
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