O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi intimado pela Polícia Federal (PF) a prestar depoimento relativo à investigação de uma mensagem enviada por ele ao empresário Meyer Nigri, contendo fake news que atacavam o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Justiça Eleitoral. Bolsonaro confirmou nesta quarta-feira (23) que enviou a mensagem com fake news, como aponta a investigação da Polícia Federal.
A mensagem foi enviada em junho de 2022 e aparece em um relatório da Polícia Federal sobre a quebra de sigilos de comunicações de empresários bolsonaristas com teor golpista. Dos 8 empresários investigados, dois seguem respondendo a inquéritos, Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, e Luciano Hang, dono da Havan.
A PF encontrou no celular de Nigri uma conversa com um número de telefone salvo como “PR Bolsonaro 8” que enviou ao investigado mensagens com conteúdo falso, atacando os ministros do STF, em destaque o ministro Luís Roberto Barroso, desacreditando o processo eleitoral brasileiro e o instituto de pesquisa Datafolha, sem provas. Ao final foi indicado “Repasse ao máximo”. Em resposta a mensagem, o empresário responde “Já repassei para vários grupos”.
Ao ser questionado em entrevista à “Folha de S. Paulo”, o ex-presidente afirmou, “Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O Barroso tinha falado no exterior. Eu sempre fui um defensor do voto impresso — afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro completou que não participava do grupo dos empresários, mas que iria comparecer ao depoimento e explicar. Eu vou lá explicar — disse ele à “Folha”.
Apesar da Polícia Federal não afirmar que o número é efetivamente de Bolsonaro, foi apurado que o mesmo contato está salvo no telefone do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, como “PR Bolsonaro ago/21”.
PublicidadeDiante desses casos, a Polícia Federal convocou o Bolsonaro para depor no dia 31 de agosto. Esse será o quinto depoimento do ex-presidente à PF para as múltiplas investigações abertas contra ele.
- Em 5 de abril, na investigação sobre as joias sauditas;
- Em 26 de abril, no inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro;
- Em 16 de maio, sobre a suspeita de fraude em cartões de vacinação contra Covid-19;
- Em 12 de julho, na apuração sobre suposto plano de golpe de Estado, denunciado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES).
No dia 31 serão ouvidos simultaneamente pela Polícia Federal Jair Bolsonaro, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e o advogado Frederick Wassef.
Foram convocados, também, pela Polícia Federal:
- Fábio Wajngarten, advogado de Bolsonaro;
- Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Mauro César Lourena Cid, pai de Cid, general da reserva que foi colega de Bolsonaro na Aman;
- Osmar Crivellati, assessor de Bolsonaro.
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