Deltan Dallagnol, que estava há 18 anos no Ministério Público e foi o coordenador da Operação Lava Jato, em Curitiba, anunciou nesta quinta-feira (4) que se desligou da corporação para ingressar na política. Em um vídeo de pouco menos de três minutos em suas redes sociais, Deltan disse que a decisão não foi fácil, mas que agora pode fazer mais pelo país fora da instituição.
“A sensação é de que o que nós fizemos está sendo desfeito, e a impunidade dá uma carta branca para que quem nos rouba continue roubando”, disse Deltan, que ainda não indicou o que fará em 2022. “Assim que essas ideias se concretizarem em planos e ações, compartilharei com vocês aqui”, afirmou.
Deltan ganhou notoriedade como o chefe dos investigadores da Lava Jato, que desmembrou um esquema bilionário de corrupção na Petrobras, a principal estatal brasileira. O legado da operação começou a ser constantemente questionado após a Vaza Jato, quando uma série de documentos indicou ações combinadas entre o MP e o então juiz Sergio Moro, responsável por julgar o ex-presidente Lula (PT).
Sem o petista na disputa, o então deputado federal Jair Bolsonaro acabou eleito no segundo turno – e escolhendo o próprio Sergio Moro como ministro da Justiça. A descoberta de que tanto juiz quanto procuradores mantinham contatos próximos embasou uma revisão dos trabalhos da operação nos tribunais superiores, e gerou a anulação de todas as condenações contra Lula, no início de 2021, em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
Sergio Moro, hoje desafeto de Bolsonaro, irá se filiar ao Podemos, partido que integra a base de apoio de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, buscando as eleições de 2022. A expectativa agora é que Moro, Bolsonaro e Lula concorram entre si pelo mesmo cargo no ano que vem.
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