O ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo sua defesa, permaneceu em silêncio durante seu depoimento à Polícia Federal (PF), que o investiga como suspeito de ter elaborado um golpe de Estado para anular o resultado das eleições de 2022. Seu advogado afirma que a ausência de respostas não se deu meramente por estratégia jurídica, mas principalmente em protesto pelo acesso ao conteúdo probatório do inquérito decorrente da operação Tempus Veritatis.
Bolsonaro, assim como outros 21 membros civis e militares da cúpula de seu governo, foram intimados sob suspeita de participar na elaboração das duas minutas de decreto de interferência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um na forma de operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e outro na forma de Estado de Sítio, para prender ministros e revogar a vitória eleitoral do presidente Lula. Eles também teriam tentado utilizar o aparato das forças armadas para comprometer a credibilidade do processo eleitoral.
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Ao sair da PF, o advogado do ex-presidente, Cunha Bueno, chamou a investigação de “semissecreta” em resposta à negativa do Supremo Tribunal Federal (STF) em fornecer o acesso aos autos do inquérito. “A defesa não teve acesso a todos os elementos por quais estão sendo imputados ao presidente a prática de certos delitos”, argumentou. Ele exige o acesso ao conteúdo da delação premiada do antigo ajudante de ordens, Mauro Cid, bem como as mensagens obtidas nos aparelhos celulares e computadores apreendidos pela PF.
Além de Bolsonaro, seus aliados mais próximos também se mantiveram em silêncio. Isso inclui o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, investigado também por utilizar o aparato da pasta para espionar rivais do antigo governo, e o ex-ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira. Também silenciou seu antigo ministro da Justiça, Anderson Torres.
Questionado sobre o conteúdo das duas minutas encontradas uma na casa de Anderson Torres e outra na sede do PL, bem como a respeito do teor da reunião ministerial de julho de 2022, Bueno respondeu que “o presidente Bolsonaro nunca foi simpático a qualquer tipo de movimento golpista”, e que não se pronunciará sobre demais elementos da Tempus Veritatis sem o acesso às provas contidas nos autos.
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