Com atuação de quase 40 anos na advocacia, o criminalista Antônio de Almeida Castro, o Kakay, virou espécie de boia de salvação de políticos encrencados na Justiça em Brasília. Do ex-prefeito Paulo Maluf (PP-SP) aos senadores Romero Jucá (MDB-RR) e Aécio Neves (PSDB-MG), passando pelo petista José Dirceu, vários dos nomes mais conhecidos da política brasileira já recorreram aos seus serviços. Só na Lava Jato ele coleciona 17 clientes.
Neste fim de semana, Kakay foi às redes sociais para se defender de uma situação inusitada. A acusação? O uso de uma bermuda e camisa de mangas curtas pelos corredores do Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo código de vestimenta da corte, os homens têm de andar de terno, gravata e paletó; e as mulheres, de terninho ou saia.
O momento foi registrado em foto divulgada por ele mesmo (veja a imagem acima). Diante da repercussão do episódio, publicado inicialmente pela coluna de Lauro Jardim, no Globo, Kakay soltou duas notas para a imprensa – uma no sábado e outra no domingo. Hoje ele pediu desculpas ao Judiciário. Disse que não quis “desdenhar” nem desrespeitar os ministros ou quem quer que seja.
Infeliz episódio
“Sobre esse infeliz episódio da fotografia em que estou de bermuda no corredor do Supremo, quero deixar claro que foi uma passagem rápida pelo tribunal no ano passado, por motivo de extrema urgência e durante um feriado, apenas para buscar um documento importante para a defesa de um cliente. Evidentemente não fui a nenhum gabinete, muito menos despachei com nenhum ministro naquele dia”, contou.
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“Mas o uso da imagem como se de alguma maneira eu estivesse desdenhando do Poder Judiciário, especialmente do Supremo Tribunal Federal, me faz vir a público esclarecer e pedir desculpas aos membros do Poder Judiciário e a quem, de alguma forma, considerou o fato desrespeitoso. A advocacia é minha vida e nutro pelo Judiciário, não só pelo Supremo Tribunal, mas pelo Superior Tribunal de Justiça, demais tribunais e pelos juízes em geral profundo respeito. A melhor maneira de deixar isso claro, embora nunca tenha tido nenhuma intenção de desrespeitar, é deixar expresso o meu sincero pedido de desculpas”, completou o advogado na nota.
Kakay não conseguiu livrar Maluf da condenação no Supremo, mas graças a manifestações dele o ex-prefeito e ex-deputado pode deixar a cadeia e ser transferido para casa, onde cumpre prisão em regime domiciliar. “Não sou médico, mas ele é um transtorno para o sistema penitenciário”, disse o criminalista ao UOL ao defender o seu cliente. O argumento convenceu os ministros do Supremo.
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