As imagens nos jornais são péssimas para Bolsonaro. Quase todas colocando as suas férias em contraste com os principais problemas do país.
Questionado sobre as férias que ocorrem durante a tragédia no sul da Bahia, o presidente da República disse: “Eu espero não ter que retornar antes”.
E ainda há quem se faça de surpreso diante de tanta desfaçatez e indiferença. Algo que certamente não é inédito, já que durante a crise sanitária causada pela covid-19, Bolsonaro deu seguidas declarações deixando claro que não se importava com a saúde dos brasileiros.
E o pior! O que está acontecendo no sul da Bahia é exatamente a mesma coisa que aconteceu em Manaus na crise do oxigênio.
Cidadãos ajudando uns aos outros, conseguindo doações e fazendo o que podem para minimizarem os danos.
Mas o que esperar de um homem cuja carreira parlamentar possui mais processos e acusações no conselho de ética na Câmara dos deputados do que projetos aprovados?
O que esperar de alguém que, enquanto militar, se tornou conhecido entre os generais por conta dos trambiques e muambas que tentava vender?
Nunca trabalhou nos anos de Congresso, tampouco como militar nos seus anos de recruta e capitão.
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Durante as eleições de 2018, publicou um, risível, plano (sic) de governo composto por 81 páginas de puro nada. Uma notória demonstração de que seria pequeno demais para o cargo que pretendia. Vide um dos trechos mais famosos:
“SEGURANÇA E COMBATE À CORRUPÇÃO : enfrentar o crime e cortar a corrupção.
SAÚDE E EDUCAÇÃO: eficiência, gestão e respeito com a vida das pessoas. Melhorar a saúde e dar um salto de qualidade na educação com ênfase na infantil, básica e técnica, sem doutrinar.
ECONOMIA: Emprego, Renda e Equilíbrio Fiscal. oportunidades e trabalho para todos, sem inflação.”
E por mais que o discurso de ódio seja a principal marca das 30 décadas de vida pública de Jair Bolsonaro, é compreensível que o eleitor médio tivesse depositado um voto de confiança nele, o que não é admissível é que políticos de carreira como os candidatos da 3ª via se digam surpresos diante de todo esse descalabro.
“Ninguém imaginava que Bolsonaro seria o pior presidente da história”
A frase dita recentemente pela pré-candidata ao Palácio do Planalto pelo MDB, Simone Tebet, cabe facilmente para outros membros da terceira via como João Doria, Eduardo Leite, Henrique Mandetta, etc.
Menção (des)honrosa: o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, até hoje possui dificuldades para se desvencilhar do bolsonarismo. Durante as prévias do PSDB, deu a entender que a economia é mais importante que a democracia. Além disso, há um ano disse que não se arrependia do voto em Bolsonaro, foi rever esse posicionamento muito depois de todo o descalabro envolvendo o combate à covid-19.
Declarações assim só podem ser vistas de duas formas: amadorismo político ou má fé.
Pior ainda foi o caso do ex-juiz Sergio Moro que durante uma entrevista para o canal My News, disse que não poderíamos olhar Bolsonaro do passado e seus 30 anos de discurso de ódio com os olhos de agora.
Depois disse que o pres9dente não possui liderança ou plano de governo e foi interpelado pelo humorista Antônio Tabet que disse: “e você (Moro) demorou quanto tempo para perceber isso?”.
Pergunta que foi respondida com a justificativa que mencionei acima (mais uma vez).
Histórico nada louvável
Durante a sua trajetória política, Bolsonaro defendeu o nepotismo, grupos de extermínio e possui um longe histórico de aproximações e elogios com as organizações criminosas conhecidas como milícias cariocas.
Nunca teve uma opinião formada ou concisa sobre os principais problemas do país, pelo contrário, fez seguidos deboches contra os beneficiários do programa Bolsa-Família e ao programa em si. Durante a campanha fez ofensas discriminatórias contra negros e indígenas.
E como eu já disse anteriormente, seu plano de governo não apresentava nenhum conceito econômico ou projeto de fato.
Então o que fez com que alguns políticos que hoje se dizem de terceira via apoiassem o presidente nas eleições passadas?
Em alguns casos, como o do governador paulista, João Doria, o oportunismo e a militância na onda antipolítica criaram essa aproximação. Bolsonaro é a síntese do movimento de negação da política e da onda dos “gestores” nas urnas e debates. Nada mais justo do que se aproximar da “mascote” do movimento.
Em outros casos, foi a identificação pura e simples do que sempre foi defendido pelo presidente, o que certamente foi o caso de Sergio Moro que, além de prender o principal oponente de Jair Bolsonaro, ainda fez parte do governo.
Como ministro da Justiça, foi precursor do uso descabido da finada lei de segurança nacional para perseguir críticos. Também disse que não poderíamos tratar os criminosos do motim da PM cearense como bandidos e, por fim, defendeu o seu pacote anticrime, mais precisamente o excludente de ilicitude, uma autorização para agentes de segurança pública matarem de forma indiscriminada.
No fundo, todos os ex-apoiadores que hoje figuram como opositores defendiam algum aspecto macabro e nefasto professado por Bolsonaro e em certa medida ainda defendem.
Simone Tebet ainda está ao lado dos ruralistas, Eduardo Leite ainda defende a privatização de estatais a preço de banana, João Doria ainda é um ferrenho antipetista custe o que custar, Moro e a turma da lava jato ainda fazem oposição ao Estado Democrático de Direito e aos direitos individuais.
O que a terceira via não esperava é que um homem que sempre expressou seu desprezo pela vida humana no Congresso Nacional faria o mesmo no Palácio do Planalto
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