O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, criticou em entrevista ao Congresso em Foco o presidente Jair Bolsonaro pela forma com que trata a pandemia e se refere às Forças Armadas. Para ele, Bolsonaro dá motivos para se duvidar da sua sanidade mental.
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Ontem (18) o presidente disse que “quem decide se um povo vai viver numa democracia ou numa ditadura são as suas Forças Armadas”. O general diz não acreditar que a declaração seja uma estratégia de Bolsonaro para desviar o foco da crise sanitária. “Isso aí é um devaneio completo. Falta de responsabilidade total, não tem cabimento querer envolver Forças Armadas em aventura política pessoal. Isso não é estratégia nenhuma, idiotice não é estratégia. Você não pode classificar como estratégia um negócio sem pé nem cabeça”, declarou o ex-ministro.
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Na visão do general, Bolsonaro agiu de maneira incoerente ao longo das discussões sobre a vacinação no país. “Não tem coerência nenhuma, dá para desconfiar até da sanidade mental. Não é possível você falar uma coisa e fazer outra. Falar que não ia comprar, agora comprou o lote inteiro porque é a única vacina que nós temos. É um show de incoerência, de falta de condições mínimas para gerenciar uma crise”, disse Santos Cruz, em referência à compra e à distribuição de doses da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, objeto de guerra política travada por ele com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Atrasos de voos e erros de logística por parte do Ministério da Saúde e da Força Aérea Brasileira (FAB) fizeram com que apenas 16 estados conseguissem iniciar o processo de vacinação contra a covid-19 nessa segunda-feira (18). Outros sete estados e o Distrito Federal começam a imunizar idosos, profissionais de saúde e indígenas, classificados como grupos prioritários, nesta terça (19).
Depois de São Paulo, que aplicou as primeiras cem doses da Coronavac no domingo (17), começaram a vacinar na segunda-feira os seguintes estados: Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins.
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O general apontou as diferenças nas atitudes de combate ao coronavírus tomadas pelos governadores e pela Justiça e as tomadas por Bolsonaro.
“É difícil até qualificar porque é completamente sem qualificação aquilo que fala, aquilo que faz. Quando todo mundo está cuidando, usando máscara, tem os governadores, prefeitos, a própria Justiça fazendo as recomendações de manter um distanciamento social e a autoridade máxima faz tudo ao contrário.”
Para o ex-ministro da articulação política de Bolsonaro, o presidente age para confundir a população. “Não tem cabimento isso, não tem sentido, falar em tratamento precoce e o chefe da Anvisa vai lá e diz que não tem tratamento precoce. Se você acha que tem e você é o governo, você tem que oficialmente alertar a população. Não tem orientação nenhuma, muito pelo contrário, só para confundir a população. Isso aí é uma irresponsabilidade concreta.”
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