A atriz Regina Duarte saíra do cargo de secretária nacional de Cultura do Ministério do Turismo. O anúncio foi feito na manhã desta quarta-feira (20) pela própria artista e pelo presidente Jair Bolsonaro em vídeo divulgado nas redes sociais.
Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas para que ela possa continuar contribuindo com o Governo e a Cultura Brasileira assumirá, em alguns dias, a Cinemateca em SP. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias pic.twitter.com/79CyrQY1uI
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 20, 2020
Regina Duarte vai assumir a direção da cinemateca de São Paulo. Não foi informado o nome do substituto da atriz no cargo. Na terça-feira (19), Bolsonaro compartilhou uma entrevista do ator Mário Frias dada à CNN se colocando à disposição para assumir a função. O ator também esteve em reunião com o presidente no Palácio do Planalto no mesmo dia.
– Mário Frias e a Cultura. https://t.co/xfEu0ruMDI
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 19, 2020
Publicidade
A artista é a quarta a sair da Secretaria desde o início do governo de Jair Bolsonaro. Ela ficou dois meses na função, que é aproximadamente o mesmo período que seus dois antecessores permaneceram no cargo.
Antes dela quem comandava a Cultura era Roberto Alvim, que foi demitido após gravar um vídeo com referências nazistas. Alvim ficou no cargo pouco mais de dois meses. Antes dele, a Secretaria era subordinada ao Ministério da Cidadania e ocupada por Ricardo Braga, que ficou dois meses no comando da área.
Braga substituiu Henrique Pires que foi nomeado em janeiro de 2019, no início do governo de Jair Bolsonaro, e ficou até agosto do mesmo ano.
A demissão de Regina Duarte do comando da área cultural do governo acontece após um processo de semanas de desgaste da atriz no cargo.
Na última sexta-feira (15), o governo do presidente Jair Bolsonaro demitiu Pedro José Vilar Godoy Horta do cargo de Secretário Especial Adjunto da Secretaria Especial da Cultura, número 2 de Regina Duarte. O decreto foi assinado pelo ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto.
Godoy foi uma indicação pessoal de Regina, logo que ela assumiu a pasta, em março deste ano, após um longo “noivado”, como definiu o presidente. Inicialmente, ele atuava como chefe de gabinete e depois assumiu o posto de secretário-adjunto.
A agora ex-secretária de Cultura havia encontrado dificuldade para nomear seus escolhidos dentro do órgão. No início de maio, o maestro Dante Mantovani, que havia sido demitido por ela, voltou à presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte).
A readmissão foi encarada negativamente pela secretária. “Que loucura isso, que loucura. Eu acho que ele está me dispensando”, disse Regina se referindo a Bolsonaro. A frase foi captada durante uma ligação telefônica feita pela reportagem da revista Crusóe à assessoria da secretária. De acordo com a reportagem, a secretária foi “surpreendida” pela decisão. Em seguida, o governo recuou e tornou o ato sem efeito.
Regina era constantemente atacada por integrantes do governo ligados ao escritor Olavo de Carvalho, que desde o início bombardeou a indicação da atriz para o cargo. A suspeita desse grupo é de que ela seria suscetível ao “setor de esquerda”. Sua atuação também sofreu reparos públicos do presidente nas últimas semanas, que reclamou do fato de a secretária despachar de São Paulo desde o início da pandemia.
> Pandemia trava pauta de Guedes no Congresso. Veja a situação dos projetos