Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (28), o ministro de Relações Institucionais do Planalto, Alexandre Padilha, fez um balanço sobre o desempenho do PT nas eleições municipais após a conclusão do segundo turno. De acordo com ele, apesar de ter melhorado em relação a 2020, o partido segue em crise. Para ele, é como se a legenda ainda estivesse no “Z4”, em alusão à zona de rebaixamento do Brasileirão.
“O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas na minha avaliação, não saiu do Z4 [zona de rebaixamento] das eleições municipais. (…) Acho que o PT vai fazer uma avaliação sobre isso, certamente sobre esse resultado, como virar um partido com mais protagonismo, sobretudo nas grandes cidades, nas médias cidades”, declarou.
Partidos de direita e centro-direita conquistaram 82% das prefeituras em 2024
Até as eleições municipais de 2016, o PT conseguia manter uma média elevada de prefeituras: em 2012, o partido saiu vitorioso em mais de 600 municípios. Após o impeachment de Dilma Rousseff e a Operação Lava Jato, porém, a sigla derreteu, caindo para 252 cidades. Em 2020, a situação piorou, caindo para 182 prefeitos. Agora, em 2024, o partido retomou ao patamar de 2016, com 252 municípios incluindo uma capital, Fortaleza (CE).
Apesar do baixo crescimento, Padilha considerou importante também o insucesso entre bolsonaristas em eleger suas lideranças. “Nenhum ex-ministro de Bolsonaro foi eleito nessas eleições. Em 2022, Bolsonaro comemorava que dez ex-ministros seus foram eleitos para deputado federal, senado e parlamentares. Agora nenhum de seus ex-ministros foram eleitos: às vezes foram derrotados por lideranças que apoiaram o presidente Lula em no ano retrasado”, ressaltou.
Outros expoentes bolsonaristas de fora do Executivo também falharam em se eleger prefeitos: o deputado Éder Mauro (PL-PA) foi derrotado no segundo turno em Belém (PA); Carlos Jordy (PL-RJ), que liderou a oposição ao governo Lula na Câmara, foi derrotado em Niterói (RJ) e André Fernandes (PL-CE) foi derrotado em Fortaleza pelo petista Evandro Leitão. “Verdadeiros ícones da extrema-direita e do bolsonarismo [foram] derrotados nesse segundo turno em disputas muito importantes, e derrotados por lideranças apoiadas pelo presidente Lula”, ressaltou.
Apesar de não ocupar o primeiro lugar em número de prefeitos eleitos em 2024, o PL foi o partido que acumulou mais votos para prefeito nos dois turnos, considerando-se eleitos e não eleitos. O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro alcançou 15,6 milhões de votos no primeiro turno e outros 4,3 milhões no segundo, totalizando 19,9 milhões de eleitores. O PT ficou na sexta posição.
Padilha considera que o desempenho aquém do histórico anterior ao derretimento não afeta as eleições gerais de 2026. “Se a eleição municipal tivesse algum impacto sobre a eleição presidencial, o presidente Lula nunca teria sido eleito presidente da República, e nem o PT sido o partido que, desde 1989, ou ganha ou estava no segundo turno das eleições presidenciais”, ponderou.
Como mostrou o Congresso em Foco, os partidos de esquerda, somados, elegeram o menor número de prefeitos nas eleições municipais de 2024 em comparação a todas as outras disputas nos últimos 20 anos. Juntos, PT, PSB, PDT, PC do B, PV, Rede e Psol ganharam o comando municipal de 749 cidades neste ano, número inferior ao registrado em todas as disputas eleitorais de 2004 a 2020. O ápice da esquerda nas corridas por prefeituras foi em 2012, quando esses partidos, juntos, elegeram um total de 1.533 prefeitos.
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