O futuro ministro da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro (PSL), Onyx Lorenzoni (DEM), fechou a formação da equipe que o ajudará na relação com o Congresso Nacional. O coordenador do governo de transição escalou dois parlamentares e um economista para auxiliá-lo.
Caberá ao deputado Carlos Manato (PSL-ES) o comando da Secretaria Especial para a Câmara. Já a Secretaria Especial para o Senado ficará sob a responsabilidade do deputado Leonardo Quintão (MDB-MG). O economista Abraham Weintraub, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e integrante da equipe de transição, será o secretário-executivo da Casa Civil.
Manato está em seu quarto mandato na Câmara, disputou o governo do Espírito Santo, mas não foi eleito. Sua mulher, Soraya Manato (PSL-ES), foi eleita deputada. Em seu terceiro mandato, Quintão não conseguiu se reeleger. Weintraub está há cerca de dois anos na equipe de Bolsonaro, dedicando-se principalmente ao estudo de propostas de reforma da Previdência.
De acordo com o futuro secretário especial para a Câmara, Weintraub cuidará da parte burocrática da Casa Civil e foi indicado por ser uma pessoa de confiança de Bolsonaro. Manato diz que a escolha do economista não tem relação com as negociações futuras para a aprovação da reforma da Previdência.
Divisão de papéis
O anúncio do general Carlos Alberto dos Santos Cruz para a Secretaria de Governo, posto ocupado por Carlos Marun no atual governo de Michel Temer, suscitou rumores de que o papel de Onyx no governo está sendo “esvaziado”.
PublicidadeManato afirma que a criação das secretarias tem o objetivo de dar “uma atenção especial ao Congresso” e não diminuirá os poderes do futuro ministro à frente da Casa Civil. “Ele cuidará do mundo político como um todo, será o grande líder”, disse.
Para o deputado, o futuro ministro ficaria sobrecarregado se tivesse de cuidar da articulação com todo o Congresso Nacional. “Foi feita essa divisão porque seria impossível para o Onyx cuidar de tudo sozinho. Há muito para fazer e não vai faltar trabalho para ninguém”, afirmou.
Relacionamento estreito
A Casa Civil, afirma Manato, vai se concentrar no relacionamento com o Congresso e com a sociedade civil. A definição e o acompanhamento da pauta legislativa do governo estarão entre as maiores prioridades. A pasta não atuará, porém – como tem sido a tradição – no relacionamento entre os diversos órgãos de governo: ministérios, estatais, agências reguladoras, etc. Essa parte ficará com a Secretaria de Governo.
Segundo Manato, os futuros ministros que atualmente são parlamentares também vão ajudar no estreitamento da relação do Executivo com o Legislativo, como Tereza Cristina (DEM-MS), indicada para a Agricultura pela bancada ruralista, Osmar Terra (MDB-RS), apoiado por várias frentes parlamentares para a pasta da Cidadania, e Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), cujo nome foi indicado para o Ministério da Saúde pela frente parlamentar da saúde.
Promessa de diálogo
O futuro secretário especial disse que Bolsonaro não quer se envolver na eleição das presidências da Câmara e do Senado. “Se nos envolvermos, nós podemos pecar”, afirmou. Segundo ele, o governo vai se mobilizar apenas na escolha das lideranças. Segundo o deputado capixaba, o próximo governo terá muito diálogo com o Congresso.
Manato descartou ainda haver qualquer mal-estar com a bancada evangélica após Bolsonaro não nomear indicados pelo grupo para a Esplanada. “Não vejo razão para críticas. O Marcelo Álvaro Antônio [futuro ministro do Turismo] é Maranata [denominação de uma igreja evangélica], como eu também sou. Há vários evangélicos no governo. Entendo que os evangélicos já estão contemplados”, afirmou.
Mal-estar com evangélicos
Ontem o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), um dos líderes da bancada, cobrou explicações de Bolsonaro sobre a não nomeação de um dos três nomes apresentados pela frente parlamentar a Bolsonaro a pedido do próprio presidente.
“Quem pediu foi o próprio presidente Jair Boslonaro. Então ele é quem tem que explicar como é que ele pede nome e decide por outro, quais foram os critérios que ele usou e decidiu sem comunicar ninguém. Aí é com ele”, disse Sóstenes ao Congresso em Foco. “Para nós [deputados], ele vai ter que explicar na hora dos votos no ano que vem”, disse.
Os evangélicos haviam sugerido os deputados Marco Feliciano (Podemos-SP), Ronaldo Nogueira (PTB-RS) e Gilberto Nascimento (PSC-SP). Hoje, porém, a bancada divulgou nota baixando o tom da insatisfação, reiterando apoio ao presidente eleito e negando que tenha havido clima de mal-estar por conta do episódio.
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