O deputado Ricardo Barros (PP-PR), que vai substituir Major Vitor Hugo (PSL-GO) na liderança do governo na Câmara, comentou a queda de braço entre o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o procuradores ligados à Operação Lava Jato.
Ele defendeu o chefe da PGR e disse que a operação precisa encaminhar relatórios das investigações para a Procuradoria. O deputado negou que a operação tenha perdido a força nos últimos meses.
“Não, a operação Lava Jato tem seus méritos no combate à corrupção que são inegáveis, mas podia ter feito tudo dentro da lei. O que o procurador-geral da República quer é acesso aos dados da operação para ver o que foi feito. Acho inadequado a operação recusar transparência para a sociedade sendo que ela exige transparência de todos que ela investiga”, afirmou em entrevista ao Congresso em Foco.
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O novo líder é do Centrão, bloco informal de centro e direita que tem se aproximado do governo em troca de cargos.
Ao comentar sobre o ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, Barros o classificou como “pré-candidato”, mas disse que a entrada nele na política não representa risco para o governo. “Ele é um pré-candidato, ele nega que é pré-candidato, mas é um nome que está para ser avaliado. Não vejo nenhum risco.”
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Barros defende uma distância do governo na eleição para o próximo presidente da Câmara.“O governo não deve se intrometer na eleição da presidência da Câmara porque é uma decisão de um poder independente e a Câmara quer um presidente independente. Acredito que esse caminho não é um caminho que deve ser tomado, na minha opinião pessoal sobre isso”, declarou.
O líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) têm travado um embate. O deputado do PP de Alagoas quer ser presidente da Câmara e tem buscado apoio do governo para isso. Lira tem feito uma ponte entre governo e Congresso para nomeação de cargos. Já o presidente da Câmara quer um deputado independente do Planalto e de seu círculo próximo como sucessor, entre os nomes avaliados estão Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Barros, que já foi líder do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ministro da saúde de Michel Temer (MDB), vice-líder do governo e relator do orçamento no governo de Dilma Rousseff (PT), negou que trabalhar na articulação de Jair Bolsonaro seja mais difícil.
“Não, a formação de maioria é sempre trabalhosa. Evidentemente que é preciso compreender o funcionamento do processo político. A partir do momento que o presidente Bolsonaro iniciou o relacionamento com os partidos este ano, desde o início do ano, não com as frentes parlamentares, obviamente que ele obteve bom resultado de articulação”, declarou.
Ricardo Barros é avaliado há mais de um mês para substituir Vitor Hugo como líder do governo, com a chancela do presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI). Havia resistência dentro do próprio PP, sobretudo do líder, deputado Arthur Lira, de quem Barros é rival político. Os dois representam grupos regionais diferentes da sigla.
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Leia a seguir a entrevista completa:
Congresso em Foco: essa aproximação de Bolsonaro com os partidos deve melhorar a relação do governo com o Congresso?
Ricardo Barros: acredito que sim, que a gente tenha uma articulação mais elaborada no sentido de buscarmos avanços que a gente precisa ter e entendimento para aprovarmos as reformas que o Brasil precisa.
O senhor participou de outros governos, acha que este vai ser mais difícil?
Não, a formação de maioria é sempre trabalhosa. Evidentemente que é preciso compreender o funcionamento do processo político. A partir do momento que o presidente Bolsonaro iniciou o relacionamento com os partidos este ano, desde o início do ano, não com as frentes parlamentares, obviamente que ele obteve bom resultado de articulação.
O Congresso começou uma série de sessões para votar vetos presidenciais. Alguns foram votados ontem, mas ainda faltam outros que geram mais resistência como os do saneamento e da desoneração. Acredita que vai haver acordo?
Eu acredito que vamos fazer um acordo, obviamente o governo vai ceder em alguns vetos, mas vai levar alguns tantos como já aconteceu na sessão de quarta-feira passada. Na próxima semana vamos pautar pacote anticrime e depois vamos pautar a prorrogação da desoneração da folha.
O ex-ministro Sergio Moro tem aumentado a participação em eventos. Vê ele como um risco para a reeleição de Bolsonaro?
Ele é um pré-candidato, ele nega que é pré-candidato, mas é um nome que está para ser avaliado. Não vejo nenhum risco, a população escolhe seus representantes, não há nenhum risco nisso.
Acha que a Lava Jato perdeu força neste ano? Há um embate entre o procurador Aras e procuradores da força-tarefa da operação.
Não, a operação Lava Jato tem seus méritos no combate à corrupção que são inegáveis, mas podia ter feito tudo dentro da lei. O que o procurador-geral da República quer é acesso aos dados da operação para ver o que foi feito. Acho inadequado a operação recusar transparência para a sociedade sendo que ela exige transparência de todos que ela investiga.
O governo tem apontado preferência para um nome para presidência da Câmara?
O governo não deve se intrometer na eleição da presidência da Câmara porque é uma decisão de um poder independente e a Câmara quer um presidente independente. Acredito que esse caminho não é um caminho que deve ser tomado, na minha opinião pessoal sobre isso.
O senhor sabe a preferência do presidente Bolsonaro?
Não sei do presidente Bolsonaro, não conversei com ele sobre isso, sobre esse tema não posso dar opinião.
O senhor apoia um nome para presidir a Câmara?
Não sei ainda, temos que aguardar para saber quem são os candidatos.