Ao assinar a ficha de filiação ao Partido Liberal (PL) nesta terça-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro chegará à sua nona legenda em seus 33 anos de trajetória política, desde que se elegeu vereador no Rio de Janeiro, em 1988. A vida partidária do presidente é agitada. O número de siglas pelas quais ele passou equivale ao total de mandatos que acumulou em sua vida.
Bolsonaro chega com a promessa do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de que terá a palavra final sobre as composições da legenda nas disputas estaduais, vetando alianças, por exemplo, com partidos de centro-esquerda e esquerda. O “casamento” entre eles, previsto inicialmente para 22 de novembro, já havia sido adiado para aparar divergências, como revelou o Congresso em Foco.
Em suas movimentações partidárias, Bolsonaro nunca foi líder de bancada. Foi apenas vice-líder do PDC, em seu primeiro ano de mandato na Câmara, em 1991. Além do extinto Partido Democrata Cristão, ele passou pelo PPR (1993-1995), pelo PPB (1995-2003), pelo PTB (2003-2005), pelo PFL (2005), pelo PP (2005-2016), pelo PSC (2016-2017) e pelo PSL (2018-2019).
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Nessa sopa de letras, só foi protagonista duas vezes: no PSC, aonde desembarcou com status de presidenciável, e no PSL, agremiação pela qual se elegeu presidente.
Vice-líder do PL na Câmara, Lincoln Portela (MG) reconhece que Bolsonaro não é unanimidade dentro do novo partido. “A chegada de um presidente em qualquer partido sempre traz alguma coisa no bojo. Satisfação de um lado; preocupação por outro. Há certa fobia a coisas novas”, minimiza.
Para ele, Bolsonaro vai aumentar a bancada na Casa, hoje a terceira mais numerosa, com 43 deputados, e dar projeção inédita à sigla. Aliados do presidente insatisfeitos no PSL e em outras legendas tendem a acompanhá-lo assim que abrir a janela para troca de partido, em março de 2022. “O PL está em paz. O partido facultou carta branca ao Valdemar, que facultou carta branca ao Bolsonaro”, explica.
PublicidadeAmigo de Bolsonaro e um dos principais líderes da bancada evangélica no Congresso, Lincoln Portela avalia que a filiação do presidente ocorreu dentro de um processo de naturalidade. “Não foi uma coisa açodada. É uma filiação conversada, construída”, afirma.
Sem partido desde 2019, quando rompeu com a cúpula do PSL, em uma disputa pelo controle da máquina e do orçamento partidário, Bolsonaro flertou com o Patriota e o PP. Mas preferiu fechar com um partido que “tem dono” e, por isso, com um interlocutor definido. Valdemar é presidente da sigla desde 2000. No período em que foi parlamentar, liderou a bancada da legenda 11 vezes.
Condenado a sete anos de prisão pelo STF no julgamento do mensalão, acusado de ter recebido R$ 8 milhões em troca de apoio da bancada durante o primeiro governo Lula, Valdemar cumpriu apenas dois anos e meio da pena, entre o regime semiaberto e a prisão domiciliar, até ser beneficiado com um indulto natalino.
Em 2005 e 2013, o então deputado renunciou ao mandato. Na primeira vez, para escapar do processo de cassação no Conselho de Ética; a segunda para não “causar constrangimento” à Câmara de afastar um parlamentar condenado.
Em seus 36 anos de história, o PL só fez oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso, cuja primeira eleição apoiara. O rompimento veio ainda no primeiro ano de governo, por não ter seus pleitos atendidos pelo tucano.
O papel de oposição acabou em 2002, quando o partido emplacou o então empresário José Alencar como candidato a vice-presidente de Lula. A presença da sigla no Planalto durou apenas três anos. Em 2005, em meio ao escândalo do mensalão, Alencar filiou-se ao PRB (hoje Republicanos), sigla ligada à Igreja Universal do Reino de Deus.
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