O ex-juiz e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, foi para o Twitter negar uma afirmação feita pelo jornal Folha de S. Paulo, de que ele teria pedido abertura de um inquérito contra quatro artistas que organizaram um evento de punk chamado Facada Fest. Moro, porém, disse que expor em um cartaz a imagem de Bolsonaro esfaqueado não é liberdade de expressão, é “apologia ao crime”.
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Internautas começaram a exibir imagens semelhantes cobrando manifestação do ministro, mas nessas imagens aparecem bolsonaristas que expuseram bonecos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff enforcados, uma camisa com Lula decapitado e uma capa da Veja em que a cabeça de Lula, decapitado, aparece pingando sangue. Até o momento Moro não se posicionou sobre o assunto.
A deputada Sâmia Bomfim (Psol-RJ) comentou na publicação do ministro com uma imagem de Bolsonaro segurando um tripé, enquanto simulava que era uma metralhadora. No momento da imagem, o então candidato falava no microfone que iria metralhar a petralhada. “Vamos falar de ‘apologia ao crime’, ministro?”, questionou a deputada, que não foi respondida.
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Outra imagem publicada pelos internautas é a de Bolsonaro simulando uma arma contra um desenho da cabeça de Lula.
O ex-juiz está sendo cobrado também por não ter se posicionado quando o filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), falou em fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) com um cabo e um soltado e nem quando o mesmo falou em instalar um novo AI-5.
PublicidadeO ministro da Justiça, também se calou quando Bolsonaro disse recentemente que esquerdista não deve ser tratado como gente normal.
Bolsonaro, inclusive, está sendo criticado nos últimos dias por ter espalhado vídeos chamando a população para manifestações contra o Congresso Nacional. Moro também não comentou o assunto.
Internautas também criticam o silêncio do ministro quando Bolsonaro elogiou ditadores e torturadores como Carlos Alberto Brilhante Ustra e Pinochet.
Os organizadores do evento são investigados por “crimes contra a honra do presidente Jair Bolsonaro” e “apologia ao homicídio”.
Apesar de Moro ter negado que partiu dele o pedido de investigação, em nota enviada ao jornal Folha de S. Paulo, o ministério da Justiça afirmou que “a sua consultoria jurídica apontou a necessidade de investigação”.
Segundo o jornal, o ministro disse em seu despacho que “elementos que indicam a prática, em tese, de crime contra a honra do Sr. Presidente da República” deveriam ser investigados.
O evento acontece desde 2017, ou seja, pelo menos um ano antes de Jair Bolsonaro ser esfaqueado o nome da festa já era Facada Fest.
Segundo Josy Lobato, baterista das bandas Klitores Kaos e THC, e integrante fundadora do coletivo, o evento Facada Fest 3 não aconteceu na data prevista. “Meia hora antes de começar, chegou a polícia. Foram conversar com os donos do estabelecimento e constataram que estava vencido um dos alvarás”, declarou a baterista para a Folha. Após toda a repercussão que a situação gerou, o evento aconteceu dois meses depois.
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