Sergio Moro disse nesta sexta-feira (24), ao deixar o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, que a decisão de mudar o comando da Polícia Federal foi motivada por uma preocupação do presidente Jair Bolsonaro com um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
“O presidente também informou que tinha preocupação do inquérito do STF e que a troca seria oportuna por esse motivo. Também não é razão que justifique a substituição. É algo que gera grande preocupação. Enfim, eu sinto que tenho o dever de proteger a instituição da PF”
O agora ex-ministro não mencionou qual é a investigação. O filho mais velho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), tem um inquérito aberto contra ele por suspeitas de lavagem de dinheiro ao acumular salários de assessores.
Nesta semana, o STF também decidiu abrir um inquérito para investigar protestos contra a democracia.
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, acatou pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras,e determinou a abertura de inquérito para investigar as manifestações contra instituições democráticas realizadas no domingo (19), com a presença do presidente Jair Bolsonaro.
O pedido de Aras visa a apurar a atuação de deputados federais entre os organizadores e defensores dos atos. O presidente Jair Bolsonaro não é alvo do pedido que, segundo determinação de Moraes, segue sob sigilo.
PublicidadeA edição desta sexta-feira informava que a demissão havia sido a pedido de Valeixo e contava com autorização de Moro. “A exoneração que foi publicada, fiquei sabendo pelo DOU, não assinei esse decreto, em nenhum momento isso foi trazido e em nenhum momento foi pedido”.
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Ao falar sobre a Polícia Federal, Moro fez um elogio ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e disse que a administração daquela época permitiu a PF trabalhar de forma autônoma. No entanto, ele ressaltou que o governo da ex-presidente era foco de casos de corrupção.
O nome apontado como preferido por Bolsonaro para ocupar o cargo de Moro é do atual ministro da Secretaria Geral, Jorge Oliveira.
Senadores aliados de Moro ouvidos pelo Congresso em Foco avaliam que a escolha de Jorge Oliveira, major reformado da Polícia Militar, vai ampliar ainda mais o atrito da classe de delegados da PF com o governo.
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Ao falar sobre seu futuro, o ex-juiz afirmou que em um primeiro momento vai descansar. “Abandonei 22 anos de magistratura, infelizmente é um caminho sem volta, mas eu sabia dos riscos. Vou descansar um pouco. Vou procurar mais adiante um emprego, não enriqueci no serviço publico, nem como magistrado, nem como ministro”.
A relação entre Bolsonaro e Moro estava estremecida há meses devido às interferências de Bolsonaro no comando da instituição. A mudança no comando da PF estava sendo considerada desde o início do segundo semestre de 2019 e chegou a ser vocalizada mais de uma vez por Bolsonaro em entrevistas coletivas.
A relação entre Bolsonaro e Moro tem sido marcada por conflitos desde o início do governo. O primeiro aconteceu ainda em janeiro do ano passado, quando Bolsonaro ignorou as sugestões do seu ministro da Justiça e da Segurança Pública ao assinar o decreto que afrouxou o controle de armas.
Em fevereiro, Moro passou pelo constrangimento de desconvidar a especialista em segurança Ilona Szabó para uma vaga de suplente no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, órgão consultivo do Ministério da Justiça, após o nome dela ser atacado nas redes sociais por bolsonaristas.
Sérgio Moro também ficou solitário na defesa da permanência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no Ministério da Justiça. Não só o órgão foi transferido para o Banco Central como foi demitido o seu presidente, Roberto Leonel, auditor fiscal de carreira que atuou na Lava Jato e foi indicado por Moro para a função.
Em janeiro deste ano, Bolsonaro voltou a fustigar Moro e disse em entrevista coletiva que cogitava recriar o Ministério da Segurança Pública, esvaziando ações da pasta comandada pelo ex-juiz.
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