De saída do governo, o secretário especial do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, recebeu uma proposta em dezembro do ano passado para trabalhar em uma instituição financeira. A informação foi confirmada pelo Congresso em Foco com um interlocutor próximo do secretário.
O período coincide com a primeira vez que a saída de Mansueto foi mencionada por um integrante do governo. Na ocasião o secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, foi o primeiro a falar do assunto, o que irritou o secretário do Tesouro.
Em fevereiro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou temer que Mansueto deixasse o governo. “Se o cara estivesse no setor privado, estava ganhando uma fortuna, eu acho até que nós vamos perder ele brevemente.”
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Continuidade
Mansueto Almeida acredita que sua saída do governo não mudará o rumo do ajuste fiscal. Segundo disse em entrevistas ao Correio Braziliense e ao Brazil Journal, o compromisso com o esforço fiscal tem como fiador o ministro da Economia, Paulo Guedes. Isso não mudará, na avaliação dele, com a entrada do substituto.
Mansueto atribuiu a saída ao cansaço e ao entendimento de que a agenda pós-covid-19, incluídas aí as reformas tributária e administrativa, deve ser enfrentada por um secretário do Tesouro que fique até o fim do governo Bolsonaro.
Para ele, o engessamento do orçamento federal, com despesas obrigatórias, e a existência de comitês de governança do órgão, que atuam em parceria com o Tribunal de Contas da União (TCU), também favorecem a continuidade do seu trabalho.
O aprofundamento do ajuste, na opinião dele, só virá com mudanças constitucionais e infraconstitucionais, ou seja, com o aval do Congresso. Embora já tenha acertado sua demissão, Mansueto deve permanecer à frente da secretaria até julho ou agosto. Até lá, ele pretende ajudar na transição.
Quarentena
O secretário admite que vai para o setor privado, mas ainda não revelou o seu destino nas entrevistas que concedeu ao Correio Braziliense e ao Brazil Journal. Após sair do governo, ele terá de passar por um período de quarentena remunerada antes de começar a trabalhar na iniciativa privada, o que deve acontecer no início de 2021. Mansueto está no comando do Tesouro Nacional desde 2018, durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Quando era secretário de Acompanhamento Fiscal do então ministro da Fazenda Henrique Meirelles em 2016, Mansueto foi um dos formuladores da emenda à Constituição do teto de gastos.