O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, aconselhou o presidente Lula a evitar menções aos seus dois maiores adversários na política, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o ex-presidente Jair Bolsonaro. No café da manhã que teve nesta quinta-feira (6) com jornalistas, Lula afirmou que seguirá o conselho de Pimenta. “O Pimenta tem me aconselhado a não falar nem da Coisa nem do Coiso”, disse Lula, provocando risadas.
“Do passado, pretendo falar o menos possível”, emendou. Recentemente, Lula foi criticado por suas falas a respeito de Moro, quando se tornou público que a Polícia Federal (PF) investigava um plano de bandidos do Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar e assassinar Moro. Na véspera da operação da PF sobre o caso, Lula dissera numa entrevista que, quando estava preso, dizia que só iria sossegar quando “fodesse” Moro. E, depois da operação, voltou a mencionar o senador dizendo desconfiar que toda a investigação seria “uma armação” dele. A fala de Lula no café da manhã deu a entender que Pimenta o teria advertido a evitar tocar no nome dos seus dois principais adversários políticos.
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“Bolsonaro vai ter muitos processos”
Mas, instado por uma das jornalistas presentes, Lula acabou falando de Jair Bolsonaro, que retornou ao Brasil depois de um autoexílio nos Estados Unidos e foi convocado a depor na Polícia Federal sobre o caso das joias que recebeu do governo da Arábia Saudita.
“Tenho consciência de que Bolsonaro tem pretensão de voltar a ser presidente”, disse Lula. O presidente provocou seu antecessor pelo fato de ele ter ficado praticamente o mandato inteiro sem partido e, no final, para disputar a reeleição, ter se filiado ao PL. “Ele voltou a acreditar na política, tanto que se filiou ao PL”, ironizou.
“Agora, ele vai ter muito processo porque cometeu muitos erros”, emendou o presidente. E atacou: “O mais grave nem chegou a ser ainda discutido, que são as 700 mil mortes pela covid. Acho que corre risco de ter processo no exterior. Porque o que ele fez com a covid não foi brincadeira”, disse, referindo-se às ações e inações do governo Bolsonaro durante a pandemia de covid-19.
PublicidadeLula fez nova ironia com Bolsonaro pelo fato de o ex-presidente não ter tido a recepção de uma multidão na sua volta ao Brasil. “Imaginava que ia ter milhões de motocicletas esperando por ele. Como não tinha mais ninguém para pagar por isso, não aconteceu”. Na mesma quarta-feira (5) em que prestou depoimento sobre o caso das joias, Bolsonaro tornou-se alvo de nova denúncia, pelo uso de cartão corporativo para pagar lanches nas motociatas.