O ministro da Economia, Paulo Guedes, teria ocultado que o nome da sua filha, Paula Drummond Guedes, ainda permanece na condição de diretora de uma empresa sua, localizada em um paraíso fiscal nas Ilhas Virgens Britânicas. A acusação foi feita pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO), que integra a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados e que analisou a documentação da empresa de Guedes. A esposa do ministro, Maria Cristina Bolívar Guedes, também estaria como sócia do patrimônio.
O deputado diz que, agora, irá representar junto ao Ministério Público Federal (MPF) por conta das novas informações da offshore do ministro no Caribe. “Entendo que a empresa está sob suspeita. É no mínimo muito estranho Guedes ter omitido essas informações”, disse o deputado, em uma declaração à imprensa. “Por isso, é importante que o Ministério Público Federal analise o extrato de desempenho dessa offshore para saber se não foi beneficiada por informações privilegiadas que Guedes obteve por ser ministro.”
As informações, de acordo com o deputado, teriam sido omitidas da Declaração Confidencial de Informações (DCI), exigida pelo governo e apresentada por Paulo Guedes em 2019, quando tomou posse do cargo. O ministro, que construiu sua carreira como gestor de investimentos, criou a Dreadnoughts International em 2014, no final do primeiro mandato de Dilma Rousseff (2011-2016), e depositou na empresa o equivalente a US$9,54 milhões. Hoje o valor estaria próximo a R$ 52 milhões.
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Paula, sua filha, estaria na direção da Dreadnoughts desde 2015, assim como Maria Cristina no quadro de sócios. De acordo com o parlamentar, Paulo Guedes violou o Código de Conduta da Alta Administração Federal, que proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras que sejam afetadas por políticas governamentais. O ministro da Economia entraria, na interpretação de Elias Vaz, em um conflito de interesses grave – já que ele mesmo estaria se beneficiando de informações estratégicas a qual teria acesso, e poderia ser influenciado por decisões que ele mesmo tomaria.
O escândalo envolvendo a offshore de Guedes no Caribe foi revelado pelo chamado Pandora Papers, no início de outubro de 2021, em reportagem produzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês).
Na ocasião, os veículos brasileiros que faziam parte do consórcio revelaram que não apenas Paulo Guedes teria encaminhado seu dinheiro para um paraíso fiscal, como também o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estaria fazendo uso da prática – que não é ilegal, mas ocorre para evitar o pagamento de impostos. Guedes e Campos Neto – que mantém uma empresa no Panamá – negaram conflito de interesses.
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*Matéria atualizada às 20h01: uma versão anterior incluía Maria Cristina como diretora da offshore. Ela é, na verdade, sócia da empresa.
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