Na semana em que o relatório Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, feito por cinco agências da Organização das Nações Unidas (ONU), apontou que a insegurança alimentar grave atinge 9,9% da população do Brasil, o governo federal afirmou que tem uma meta ousada pela frente: alcançar em, no mínimo, três anos seguidos índices abaixo de 2,5% para a insegurança alimentar.
A tarefa não é simples, mas pode acabar por fortalecer o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, no comando da pasta. Alvo de críticas, sobretudo dos partidos do centrão na Câmara dos Deputados, que buscam o cargo ocupado por ele, Dias se mostra confiante, ainda que cuidadoso, com as estimativas a serem alcançadas. Para os próximos meses, Wellington Dias organiza o lançamento do plano Brasil sem Fome, que vai unir com trabalhos diferenciados 23 ministérios.
“Cuidadosamente, a meta é ficar, por ao menos três anos seguidos, com índice abaixo de 2,5% de pessoas em insegurança alimentar grave. Sou otimista”, disse o ministro ao Congresso em Foco.
Ainda que o presidente Lula não tenha saído em defesa da manutenção do nome de Dias à frente da pasta tal como tem feito com Nísia Andrade, na Saúde, o ministro não tem demonstrado preocupação. Aliados ouvidos pela reportagem afirmaram que a meta da gestão Dias é jogar com os números. De Dilma Rousseff (PT) em 2014, até o fim da gestão de Jair Bolsonaro (PL), a insegurança alimentar no Brasil deu um salto gigantesco: passou de 1,9%, entre 2014 e 2016, para 9,9%, entre 2020 e 2022.
“O país sofreu muito nos últimos três anos pela falta de cuidado e atenção com os mais pobres. Foi comum ver pessoas passando fome, na fila por ossos e catando comida no lixo para se alimentar. Isso foi a quebra e interrupção de um trabalho iniciado pelo presidente Lula em seus primeiros governos e que trouxe grandes avanços nesta área”, disse o ministro, ao dia da divulgação do relatório.
A base que sustenta as expectativas de Wellington Dias é o Bolsa Família. Nos últimos anos, sob o comando de Bolsonaro, o Bolsa Família ficou na alçada do Ministério da Cidadania, que foi chefiado por dois dos principais aliados do presidente: Osmar Terra (MDB) e Onyx Lorenzoni (PL). Sob a gestão deles, o Bolsa Família entrou em escala de desestruturação e passou a se chamar Auxílio Brasil. A retomada do Bolsa Família foi uma das primeiras medidas do governo de Lula.
PublicidadeOs números da fome no Brasil
- 21,1 milhões de pessoas no país estão em insegurança alimentar grave, caracterizado por estado de fome;
- 10,1 milhões de brasileiros vivem condições de fome absoluta
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