Em sua visita às terras Yanomami em Roraima, acompanhado de oito ministros de Estado, o presidente Lula determinou uma série de medidas às suas pastas para lidar com a crise humanitária identificada no local, com indígenas atingidos, entre outros problemas, pela fome, malária e infecções respiratórias. O governo busca resolver a situação crítica de falta de apoio à saúde na região, em especial o surto de casos de desnutrição em crianças e idosos. A situação já levou à morte 570 crianças nos últimos anos, sendo que 505 tinham menos de um ano. No ano de 2022, foram registrados 11.530 casos confirmados de malária na terra indígena.
A ministra da Saúde, Nise Trindade, declarou situação de emergência em saúde pública nas terras Yanomami. O ministério instalou um Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública, que receberá o reforço de 13 profissionais de saúde da Força Nacional do Sistema Único de Saúde na segunda-feira (23) para montar um hospital de campanha.
Lula ainda decretou a criação de um comitê de crise, atuará de forma integrada entre os ministérios no enfrentamento da fome na região, onde vivem mais de 30 mil pessoas. “Nós viemos aqui nessa comitiva para constatar essa situação e também tomar todas as medidas cabíveis para a gente resolver esse problema”, declarou Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas.
O Ministério da Defesa também já começou o transporte de um hospital de campanha da Aeronáutica até as terras Yanomami. A Força Aérea também está organizando, junto com as forças de segurança e com a Fundação Nacional do Índio, o envio de 4 mil cestas básicas, além de 200 latas de suplemento alimentar infantil.
Após a visita, Lula desabafou sobre a situação de fome que testemunhou. “Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinha pessoas sendo tratadas da forma desumana, como eu vi o povo Yanomami sendo tratado aqui, eu não acreditaria. É desumano o que eu vi aqui”. Sônia Guajajara já declarou que, além de ajudar a população local, o ministério trabalhará para “responsabilizar a gestão anterior por ter permitido que essa situação se agravasse ao ponto de chegar aqui”.
Cerca de 200 indígenas que estão na casa de apoio em Boa Vista já tiveram alta, mas não puderam retornar ainda por falta de transporte. “Fiz o compromisso com os irmãos [indígenas] que vamos dar a eles a dignidade que eles merecem na saúde, na educação, na alimentação, no direito de ir e vir para fazer as coisas que eles necessitam na cidade”, completou Lula.
O presidente criticou ainda o governo anterior por permitir que a situação se agravasse. “Sinceramente, o presidente que deixou a presidência esses dias, se ao invés de fazer tanta motociata, tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe esse povo não tivesse abandonado como está”, argumentou. (Com informações da Agência Brasil)
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