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“Baixo crescimento, inflação alta, perda de poder de compra do salário e perda de credibilidade do arcabouço fiscal, que culminou em uma proposta irrealista de lei orçamentária para 2023”. Assim o relatório da equipe de transição para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva resume os quatro anos de governo Jair Bolsonaro na economia. Em suma, o relatório aponta o período Bolsonaro como a era do “PIBinho”.
O crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2019 e 2021, segundo o relatório, foi próximo de apenas 1%. “Na média, a expectativa é que o governo Bolsonaro termine o seu mandato com um crescimento médio próximo a 1,5%, inferior inclusive à média verificada no governo Temer”, avalia o texto. “Para o próximo ano, a expectativa de crescimento do Brasil é de 0,6%, enquanto no resto do mundo é de 2,7%”. Essa é a avaliação feita pela equipe do novo governo sobre o saldo final do “Posto Ipiranga” do ministro da Economia, Paulo Guedes, que saiu de férias e não retornará mais.
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Inflação
O país não cresceu. Mas não se pode dizer o mesmo sobre o preço dos produtos no bolso do consumidor. “A inflação acumulada no Brasil durante o governo Bolsonaro supera 26%, uma das maiores do mundo, atrás apenas da inflação da Argentina, Rússia e Turquia”, observa o relatório. “Em dois dos quatro anos de governo, o Brasil terá estourado o limite superior da meta de inflação. Mesmo com as custosas desonerações para reduzir o preço dos combustíveis, a inflação acumulada em 12 meses é de 5,9%”.
Crescimento baixo, inflação alta, moeda desvalorizada. “Em parte, o repique inflacionário pode ser explicado pela desvalorização cambial verificada no período. No governo Bolsonaro, a taxa de câmbio do real com o dólar saiu de R$ 4/ 1 US$ em 2019 para R$ 5,6/ 1 US$ em 2021. Atualmente está próxima de R$ 5,3/ 1 US$”, observam os responsáveis pelo relatório.
Crescimento baixo, inflação alta, moeda desvalorizada, baixos salários. “Na esteira do baixo crescimento e da elevada inflação, o salário mínimo praticamente não teve ganho real”, afirma o texto. O rendimento médio real caiu nos três primeiros anos do governo Bolsonaro caiu de R$ 2,5 mil para R$ 2,3 mil. O rendimento real per capita de todas as fontes, em 2021, foi de R$ 1,3 mil, o menor da série histórica. Em 2019, observa o relatório, o salário mínimo comprava duas cestas básicas. Agora, compra 1,6.
Falta de credibilidade
“Por fim, o atual governo deixa um legado de perda de credibilidade na política fiscal e orçamentária”, considera o relatório. “Após alterar por cinco vezes o arcabouço fiscal vigente para permitir gastos que totalizam R$ 800 bilhões acima do originalmente previsto pelo teto de gastos, o governo Bolsonaro apresentou uma proposta de lei orçamentária irrealista para 2023, incapaz de garantir a continuidade das políticas públicas necessárias à garantia da cidadania da população”, continua. Foi por essa razão que o futuro governo apresentou a PEC da Transição, para sanar em parte esse problema. A PEC foi aprovada na terça-feira.
“Ao final de 2022, os sinais de escassez de recursos para a manutencao dos servicos públicos essenciais e para o funcionamento da máquina pública se fazem visíveis, como nos casos do atraso no pagamento de bolsas de estudo, corte de verbas para educação e falta de recursos para emissão de novos passaportes”, ressalta o relatório.
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