Durante uma cerimônia militar, o general de exército Tomás Ribeiro Paiva, chefe do Comando Militar do Sudeste, discursou aos seus subordinados sobre o momento político que o Brasil vive. Em sua fala, comentou sobre os atos golpistas em que manifestantes exigem um golpe militar e cobrou de sua tropa que respeite o resultado das eleições mesmo que não seja do agrado de todos ou que não seja a postura “mais popular” a ser adotada pelos militares.
“Democracia pressupõe liberdade, garantias individuais, políticas públicas e também é o regime do povo. É alternância de poder, é o voto. E quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa, tem que respeitar. É isso que vale, essa é a convicção que a gente tem que ter, mesmo que a gente não goste. Nem sempre é quem a gente queria, mas não interessa”, declarou o general.
Confira sua fala:
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Além de se manifestar em defesa do respeito ao resultado eleitoral, o general, que comanda cerca de 18 mil homens em São Paulo, comentou sobre sua preocupação com a exposição da tropa à onda de fake news. “Estamos vivendo uma espécie de terremoto no Brasil, (…) um terremoto político. (…) É movido pelo ambiente virtual, que não tem freios. Todos nós somos hiper informados nos diversos grupos que a gente frequenta. Whatsapp, facebook, instagram, tudo. Essa avalanche de informação só tem um remédio, um antídoto: mais informação. (…) É se informar com qualidade, buscar fontes fidedignas”, alertou.
A exposição dos militares às fake news, ao seu ver, acaba fomentando esforços para comprometer a postura institucional das Forças Armadas. “Ser militar é isso: é ser profissional, é respeitar a hierarquia e disciplina, é ser coeso, é ser íntegro, é ter espírito de corpo, defender a Pátria. É ser uma instituição de Estado, apolítica, apartidária. Não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito”, reforçou.
PublicidadeTomás Paiva afirma que não há problema em um militar nutrir opiniões políticas. “Ele pode ter. Mas ele não pode manifestar. Ele pode ouvir muita coisa, muita gente dizendo ‘faça isso’, ‘faça aquilo’. Mas ele faz o que é correto. Mesmo que o correto seja impopular”. Seu discurso foi a primeira declaração vinda de um militar ativo na cúpula das Forças Armadas desde os atos golpistas de 8 de janeiro.
Seu discurso foi elogiado entre deputados governistas. “Essencial o discurso firme do comandante do Sudeste, general Tomas Ribeiro Paiva para o fortalecimento da democracia brasileira. Que outros militares se posicionem em favor do Estado Democrático de Direito”, declarou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). Orlando Silva (PCdoB-SP) também se pronunciou, avaliando que ele “fala às tropas como um verdadeiro patriota, consciente do papel das forças armadas como instituição regular, permanente e de Estado”.
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