O Brasil teve, durante os anos de 2017 a 2018, 36,7% dos domicílios com algum nível de insegurança alimentar, número 14 pontos percentuais maior que o registrado nos anos de 2013-2014. Os dados estão na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada hoje pelo IBGE.
Em números, a fome afeta cerca de 85 milhões de brasileiros. Destes, 56 milhões estão em domicílios onde há insegurança alimentar leve (onde há preocupação com o acesso aos alimentos no futuro e se verifica comprometimento da qualidade da alimentação), um aumento de 33,3% em relação à última pesquisa.
Segundo a mesma pesquisa, que usa critérios da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) para sua avaliação, 18,6 milhões de pessoas vivem em locais com insegurança alimentar moderada (onde os adultos de uma família passaram a conviver com restrição quantitativa de alimentos), um aumento de 76,1%; e 10,3 milhões sofrem de insegurança alimentar grave – quando a indisponibilidade chega também às crianças da casa, o que representa um aumento de 43,7% dos afetados.
O valor representa um recuo do índice registrado no biênio 2013-2014, quando 77,3 % da população se considerava em situação de segurança alimentar. O índice de segurança alimentar também é o menor desde 2004, quando 34,9% das famílias brasileiras estavam em insegurança alimentar.
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Nas regiões Norte e Nordeste, historicamente mais afetadas pela fome no país, um terço das residências estava em insegurança alimentar, e menos da metade dos domicílios tinham acesso pleno aos alimentos – 43,0% do Norte e 49,7% do Nordeste informaram ter acesso pleno e regular a comida. Os números divergiram do centro-sul, onde Centro Oeste (64,8%), Sudeste (68,8%) e Sul (79,3%) apresentam índices de segurança alimentares melhores.
O número também aponta desigualdades entre padrões de consumo e também sobre regiões brasileiras. Enquanto 10,2% das famílias do Norte afirmaram passar fome nos três meses anteriores à pesquisa, apenas 2,2% relataram a mesma situação no Sul. O uso de lenha e carvão para a preparação comida também é mais associada com famílias em insegurança alimentar moderada e grave, enquanto a segurança alimentar está ligada a preparação dos alimentos pela energia elétrica.
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