O ministro da Justiça, Flávio Dino, avaliou como “erro político” a decisão do governador afastado do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha (MDB), em escolher o ex-ministro da Justiça Anderson Torres como secretário de Segurança Pública em sua gestão.
“Os antecedentes [de Anderson Torres] eram muito ruins. Então, o que eu posso afirmar é que, no mínimo, houve um erro político do governador Ibaneis. Isso é crime? Eu não sei, não posso antecipar a investigação”, disse Dino em entrevista à GloboNews neste sábado (14).
Flávio Dino enumerou, na entrevista, diversos antecedentes de Anderson Torres que poderiam ter sido avaliados pelo governador do DF antes de nomeá-lo ao cargo. Dino citou o bloqueio das estradas por bolsonaristas após as eleições e o fato do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ter aberto investigação sobre os institutos de pesquisa.
No caso dos bloqueios, não houve qualquer ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para inibí-los. Além disso, a própria PRF, segundo o ministro, teria sido “instrumentalizada” pelo governo.
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Na conta do ex-ministro, o atual chefe da pasta também citou a inércia da Polícia Federal (PF) no caso da descoberta de um artefato explosivo próximo a um caminhão em Brasília, no dia 24 de dezembro.
Ibaneis foi afastado do governo por 90 dias, em decisão também proferida pelo ministro Alexandre de Moraes. Já o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro foi preso neste sábado (14) após chegar a Brasília. Ele teve a prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
PublicidadeAssim como o aliado e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres estava de férias nos Estados Unidos. Ele era o secretário de Segurança Pública do DF quando ocorreu a invasão, depredação e roubo do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e da sede do STF, em Brasília, no último domingo (8).
A suspeita é que os ataques de bolsonaristas teriam sido facilitados pelo ex-secretário e setores da Polícia Militar do DF. Os radicais ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendem um golpe de estado.
Ministro nega omissão
O ministro da Justiça também negou a tese que o governo teria sido omisso durante os ataques golpistas no último domingo (8). “Nos dias que antecederam aos eventos do dia 8, eu falei não apenas com o governador Ibaneis. Falei com o governador de São Paulo, Tarcisio [de Freitas, ex-ministro de Bolsonaro], com o governador do Rio, Claudio Castro [aliado de Bolsonaro]. E lá, as polícias militares agiram”, disse.
Flávio Dino ainda disse que os atos de vandalismo na Esplanada dos Ministérios eram “totalmente evitáveis”.
“Quando ocorre a intervenção federal no meio da tarde do domingo, com os eventos já acontecendo […] a Polícia Militar assume a situação sob o nosso comando e rapidamente controla a situação. Na prática, a situação era absolutamente evitável, absolutamente controlável”, declarou.
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