No comando do comitê de campanha para a disputa pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) demonstrou incerteza quanto à permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no governo caso o presidente conquiste um segundo mandato.
Nos últimos meses, vem ficando cada vez mais evidente a perda de força de Paulo Guedes para o Centrão no comando da economia. Da linha ultraliberal de Guedes, o país vai ganhando, com a força maior do Centrão, características que mais se assemelham ao modelo nacional desenvolvimentista dos governos militares. Guedes perdeu para o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, parte da autonomia que tinha na definição orçamentária. Perdeu no debate que envolveu a PEC dos Precatórios. Vem perdendo o debate sobre o que fazer para conter a alta no preço dos combustíveis.
“Eu não sei se ele seguiria no cargo em um segundo governo. […] Se ele quiser continuar dando sua contribuição, o presidente Bolsonaro vai indiscutivelmente topar na hora, mas não sabemos os planos pessoais dele”, disse Flávio Bolsonaro em entrevista ao jornal O Globo publicada na manhã desta sexta-feira (11).
O senador comentou ainda sobre a PEC que prevê mudanças para baratear o preço dos combustíveis, do gás de cozinha e da energia elétrica até 2023, gerando impacto de R$ 100 bilhões e sem apresentar uma fonte de compensação. A proposta, apresentada ao Senado na semana passada, foi criticada pelo time do Ministério da Economia e apelidada por Guedes como “PEC kamikaze” e “bomba fiscal”.
“Em função dessa PEC. acendeu um alerta no governo para acelerar quais as propostas do governo para reduzir o preço do combustível, atender toda a cadeia produtiva, caminhoneiros, o pessoal que usa transporte coletivo, quem tem carro etc. O importante é que todos estão imbuídos de reduzir o preço de combustível que está muito alto”, completou.
Na entrevista, Flávio Bolsonaro diz ainda que haverá um ajuste no discurso do presidente, baseado em pesquisas que foram encomendadas pelo PL e que apontam sinais preocupantes no avanço da impopularidade do presidente podendo comprometer a sua reeleição. Flávio Bolsonaro reconhece, na entrevista, que o discurso negacionista do presidente quanto à vacinação contra a covid-19 (o próprio presidente não se vacinou) comprometeu o seu desempenho. Segundo Flávio, será acentuado o discurso de que o governo forneceu todas as vacinas necessárias a quem quis se vacinar, ao mesmo tempo em que se preocupou em não fazer o país parar.
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