A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, comemorou nas redes sociais o indiciamento do youtuber Felipe Neto por corrupção de menores. Ao comentar uma notícia sobre o assunto no Twitter, Damares escreveu que o youtuber poderia pegar até quatro anos de prisão e arrematou: “Neste país temos defensores da infância!”. Felipe Neto também foi às redes sociais para rebater a ministra.
Explicado: primeiro o MP aceita as denúncias. Agora, a delegacia de crimes cibernéticos instaura inquérito por corrupção de menores.
Segundo o artigo 224-B do Código Penal, a pena é de até 4 anos de reclusão.
Neste país temos defensores da infância!https://t.co/pzyx3df7J5
— Damares Alves (@DamaresAlves) November 7, 2020
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Felipe classificou como grave a manifestação de Damares:
Ministra Damares e outros asseclas do governo estão comemorando o indiciamento contra mim.
Vcs têm noção da gravidade disso?
Uma ministra de DIREITOS HUMANOS comemorando um indiciamento contra um cidadão, sem qlq prova de crime cometido e alegando “corrupção de menores”. pic.twitter.com/o5j9IoNLwv
— Felipe Neto 🇧🇷🏴 (@felipeneto) November 7, 2020
Um dos críticos mais influentes do governo, Felipe foi indiciado, segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, por ter divulgado material impróprio para crianças e adolescentes em seu canal no Youtube e por não limitar a classificação etária dos vídeos com “conteúdo e linguajar inapropriado para menores”.
Em nota, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do Rio afirmou que a investigação partiu de “expediente do Ministério da Justiça”. O Congresso em Foco procurou o ministério para confirmar a informação e saber se esse tipo de iniciativa da pasta é de praxe. Mas ainda não houve retorno.
Felipe alega ser vítima de perseguição por causa de seu posicionamento crítico em relação ao governo e aos seguidores do presidente Jair Bolsonaro. Ele afirma, ainda, que não foi ouvido. O que, de acordo com o delegado que cuida do caso, só ocorreu porque sua defesa assim preferiu agir.
“O que insistem em fazer comigo é pura e simples perseguição para tentar me fazer desistir de falar. Nunca irão conseguir. Sabem que não possuem caso algum contra mim, nunca cometi crime na vida, então fazem múltiplas denúncias para tentar prejudicar minha imagem na imprensa”, escreveu o influenciador digital em sua conta no Twitter.
O youtuber, que conta com mais de 40 milhões de seguidores em seu canal, tem recebido solidariedade de políticos da oposição, como Guilherme Boulos (Psol) e Manuela D’Ávila e de juristas. Felipe reproduziu no Twitter, neste sábado, um fio com explicações do criminalista Augusto de Arruda Botelho, ex-participante do programa O Grande Debate, da CNN Brasil. O advogado classificou como absurda e perseguição política a ação contra Felipe Neto e disse acreditar que o Ministério Público vai mandar o caso para a “lata de lixo”.
Um necessário fio sobre o indiciamento do Felipe Neto.
1 – indiciamento tem esse nome pomposo, mas na prática significa muito pouco. Podemos dizer que ao indiciar um delegado está dando uma opinião que não vincula o Ministério Publico a depois oferecer uma denúncia.
— Augusto de Arruda Botelho (@augustodeAB) November 7, 2020
Felipe Neto gravou um depoimento em vídeo para o New York Times este ano que causou grande repercussão. No vídeo, ele chama Bolsonaro de “pior presidente do mundo”. Apoiadores do presidente têm feito constantes campanhas nas redes contra ele.
Veja a íntegra divulgada pela assessoria do Youtuber sobre o indiciamento:
“Confiante no poder judiciário, o youtuber permanece absolutamente convicto e tranquilo de que nunca praticou crime algum e reitera que todo o ocorrido ainda será analisado por um promotor de Justiça. Felipe Neto acrescenta que, quando começou a se manifestar vigorosamente contra os absurdos do governo Bolsonaro, já estava preparado para enfrentar todos os tipos de ataque cometidos pela articulação do ódio, desde a propagação de notícias às falsas acusações, associando Felipe a crimes, na tentativa de destruir sua imagem e reputação.”
Abaixo a nota divulgada pela Polícia Civil sobre o caso:
“O youtuber e influenciador foi indiciado por divulgar material impróprio para crianças e adolescentes em seu canal do Youtube e por não limitar a classificação etária dos vídeos com conteúdo e linguajar inapropriado para menores. As investigações iniciaram após expediente oriundo do Ministério da Justiça. Durante as investigações foi constado e analisado diversos vídeos e postagens, bem como publicações, onde o indiciado claramente não tem a preocupação em classificar seu material de divulgação.”
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