Escalado para compor o grupo técnico para agricultura no gabinete de transição do novo governo, o deputado Neri Geller (PP-RS) afirma já ter iniciado as conversas com organizações da sociedade civil do agronegócio para discutir os projetos e políticas públicas a serem adotados quando começar a gestão Lula (PT). Em coletiva de imprensa, o parlamentar afirmou estar disposto a conversar com a liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para tratar de temas ligados à colonização e reforma agrária.
O relacionamento do governo com o MST foi duramente enfraquecido na gestão de Jair Bolsonaro (PL), declaradamente contrário ao movimento, classificado por seus aliados mais próximos como uma facção terrorista por conta das ocupações de terra, prática realizada por parte dos militantes. Segundo Geller, a nova gestão deverá retomar o diálogo com o movimento.
A questão do MST veio à tona quando Neri Geller anunciou que já está recebendo representantes do agronegócio para discutir os próximos passos do governo. Questionado se esse diálogo não traria problemas com o movimento sem terra, afirmou que “nos oito anos do presidente Lula, não houve problema com o MST. Nós, eu particularmente, somos originários da reforma agrária. Eu sou originário de um assentamento da década de 80. (…) Por que não poderíamos dialogar?”.
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Geller ainda afirmou que a possibilidade de construir projetos voltados para a reforma agrária não está descartada. “Dentro do que a lei preconiza. Isso não quer dizer que vamos estimular a questão das invasões: pelo contrário, queremos fazer a produção [agrícola] de forma sustentável, de forma a estabelecer regras bem claras no ponto de vista da segurança jurídica”.
Sua prioridade no momento da transição, conforme conta, é deixar as rivalidades e afinidades do novo governo com instituições tanto a favor quanto contra a reforma agrária de lado para garantir a transição pacífica. “O que precisamos é dialogar com a sociedade. (…) O presidente Lula nos deixou muito tranquilos durante o processo eleitoral que nós queremos fazer o que é certo. E discutir com a sociedade sem o ranço ideológico é o melhor para a agricultura brasileira, eu não tenho dúvida, e há espaço para fazer esse tipo de discussão na esfera do governo”, declarou.
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