Empreiteira Engefort tem vencido a maioria das licitações de pavimentação de rodovias promovidas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). Com sede em Imperatriz, no Maranhão, a empresa costuma participar sozinha dos pregões, ou então usa empresa de fachada para ganhar as disputas. O caso foi revelado em reportagem publicada pela Folha de São Paulo.
O montante recebido pela Engefort já soma R$ 84,6 milhões, repassados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco (Codevasf). Outros R$ 620 milhões estão empenhados em nome da empreiteira. Os pagamentos das obras são feitos, em grande parte, via destinação de emendas de relator, mecanismo utilizado no orçamento secreto.
Relatório de uma auditoria independente aponta que a empresa não consegue comprovar o valor real das obras executadas, mas administra total de R$ 3 bilhões em emendas, sem garantir que as obras estejam em execução. Os maquinários utilizados também são alvo de investigações da Controladoria Geral da União (CGU) por suspeita de sobrepreço na aquisição.
A Engefort foi a única empreiteira que participou de todas as licitações no Distrito Federal e nos 15 estados abrangidos pela Codevasf, saindo vencedora de mais da metade dos certames. Em sua maioria concorreu sozinha, fornecendo um desconto de apenas 0,01% nos serviços, ou disputou com a companhia da Del Construtora Ltda., empresa de fachada registrada no nome de Antonio Carlos Del Castilho Júnior, irmão dos sócios da Engefort Carlos Eduardo Del Castilho e Carla Cristiane Del Castilho.
A Del também não possui registros de endereço, e os telefones direcionam para contatos da Engefort. Ao atender a ligação da reportagem da Folha, uma funcionária da empreiteira afirmou ao jornal que as empresas são dos mesmos donos, informação omitida nas licitações. Procuradas pela reportagem, a direção da Engefort e a Codevasf não se manifestaram sobre o tema. A estatal disse apenas seguir a legislação nas suas licitações.
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