O presidente Lula afirmou nesse domingo (26) que vai dialogar com atacadistas, proprietários de supermercados e produtores a fim de reduzir os preços dos alimentos no Brasil. A declaração foi feita em um vídeo gravado na horta da Granja do Torto, em Brasília, e divulgado pela primeira-dama Janja da Silva, no Instagram.
“Vamos fazer quantas reuniões forem necessárias para tomar todas as decisões. A gente não quer ter inflação porque quem paga é você, é o trabalhador, é aquele que vai no supermercado comprar comida”, disse Lula.
Ele apontou que fatores como a alta do dólar, incêndios, calor, falta e excesso de chuva contribuem para o aumento dos preços, juntamente com o impacto de uma demanda crescente, que ocorre quando a população tem maior capacidade de compra, levando os preços a subir.
“Na hora que há um aumento na demanda, ou seja, na hora que o povo pode comprar mais, na verdade, os vendedores aumentam os preços. Então, ao aumentar o preço, a gente corre o risco de ter uma inflação. E a gente não quer ter inflação porque quem paga com a inflação é você, é o trabalhador, é aquele que vai no supermercado comprar comida”, ressaltou.
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De acordo com o IPCA de 2024, a inflação dos alimentos aumentou 8,23%, com produtos como abacate e laranja-lima apresentando altas expressivas. Carnes bovinas e outros itens básicos, como café moído e leite longa vida, também registraram aumentos significativos.
O governo está buscando alternativas sustentáveis para combater a inflação e diminuir o impacto sobre os consumidores, evitando o tabelamento de preços, conforme afirmou o ministro da Casa Civil, Rui Costa. As reuniões lideradas por Lula visam encontrar propostas que estabilizem os custos sem prejudicar a cadeia produtiva. A alta dos preços nos supermercados é considerada, dentro do governo, um dos principais fatores para a perda de popularidade de Lula e de sua atual gestão.
Rui Costa afirmou na sexta-feira (24), após reunião no Palácio do Planalto, que o governo estuda a redução do imposto de importação para alimentos quando eles estiverem mais baratos no mercado externo do que no interno. Segundo o chefe da pasta, essa medida vai contribuir para a diminuição dos preços dos alimentos.
Ele argumenta que, se a importação ficar mais barata para os produtores brasileiros, os preços do mercado interno tendem a baixar. O ministro também apontou que a inflação tem atuado para o aumento do preço dos alimentos e assegurou que o governo não vai adotar medidas fora do padrão para diminuir o preço dos alimentos.
A reunião faz parte das negociações do governo para baratear o preço dos alimentos. Na segunda-feira (20), durante reunião ministerial, o presidente Lula disse ter compromisso com “reconstrução, união e comida barata na mesa do trabalhador”. Estiveram no Planalto o chefe do Executivo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e a ministra Esther Dweck, da Gestão e Inovação.
A proposta levantada pelo governo foi mal recebida pelo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, ou Bancada Ruralista, o deputado Pedro Lupion (PP-PR). O parlamentar chamou de demagógica a abordagem tarifária, e defendeu a redução de gastos públicos como alternativa.
“A ideia de diminuir tarifas de importação de gêneros alimentícios é mais uma medida desesperada e mal pensada do governo que insiste em ignorar os problemas macroeconômicos, o controle inflacionário, câmbio descontrolado e gasto público exorbitante. A desconfiança do mercado e a falta credibilidade agravam a situação”, disse o deputado em nota à imprensa.
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