O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, reúne-se às 16h desta segunda-feira (6) com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, para uma conversa que poderá selar seu futuro no governo – ou fora dele. Lula cobrará do auxiliar explicações sobre uma série de suspeitas levantadas contra o ministro e já adiantou que o afastará caso não fique convencido. Apesar de ter ganhado uma declaração inédita de apoio de seu partido, o União Brasil, divulgada nesse domingo (5), Juscelino terá mais um esclarecimento a dar. Reportagem publicada nesta segunda-feira (6) pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que o ministro emplacou o sócio do haras onde cria seus cavalos de raça como funcionário fantasma na liderança do PDT no Senado.
Segundo o Estadão, no local onde deveria trabalhar, ninguém conhece Gustavo Gaspar, embora ele tenha salário de R$ 17,2 mil, um dos maiores do gabinete. No haras, Gaspar é sócio da irmã do ministro, a prefeita de Vitorino Freire (MA), Luanna Rezende. A matéria aponta o senador Weverton Rocha (PDT-MA), aliado de Juscelino, como responsável pela nomeação de Gustavo. Ele nega que Gustavo seja fantasma. O sócio do haras é irmão de Tatiana Gaspar, contratada por Juscelino como assessora especial do Ministério das Comunicações, com salário de R$ 13,2 mil. Quando exercia o mandato de deputado, ele já havia empregado o pai de Gaspar, de 80 anos, com salário de R$ 15,7 mil.
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“Estou comprometido em esclarecer ao presidente Lula todas as denúncias infundadas feitas pela imprensa. Reitero que não houve irregularidades nas viagens citadas e que tudo está devidamente documentado. Também agradeço a oportunidade de ser ouvido com isenção e serenidade”, afirmou o ministro no sábado pelas redes sociais.
Deputado licenciado do União Brasil, Juscelino usou emenda do chamado orçamento secreto para se beneficiar pessoalmente, omitiu da declaração de bens que possuía animais de raça avaliados em mais de R$ 2 milhões, segundo o jornal O Estado de S.Paulo, e viajou, em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), para um leilão de cavalos já na condição de ministro. Também paira contra ele a suspeita de ter intercedido em órgão do governo para favorecer uma empreiteira.
Os líderes do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), e no Senado, Efraim Filho (PB), divulgaram nota conjunta em que defendem o respeito à presunção da inocência de Juscelino e criticam a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. A petista defendeu que Juscelino se afastasse do cargo para evitar constrangimentos.
“Lamentamos que Gleisi utilize dois pesos e duas medidas para tratar de assuntos inerentes à vida pública. Quando atitudes dos seus aliados são contestadas – e não faltaram acusações a membros do PT na história recente do país – a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos”, diz a nota. Segundo os líderes, o direito de defesa e presunção de inocência valem tanto para Gleisi quanto para Juscelino Filho.
Elmar e Efraim resistem a apoiar o governo Lula. O União Brasil comanda, além das Comunicações, os ministérios da Integração Nacional e Desenvolvimento Regional e do Turismo. Mesmo assim, não é considerado um partido da base governista. Vários parlamentares da legenda apoiaram a criação da CPI dos Atos de 8 de Janeiro, que não tem o apoio do Palácio do Planalto.
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