Nesta terça-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro junto a seu candidato a vice, Walter Braga Netto, deu início oficial a sua campanha para a reeleição. Em seu primeiro comício oficial, na cidade de Juiz de Fora (MG), Bolsonaro deu destaque à primeira-dama Michelle Bolsonaro, declarando que ela seria “a pessoa mais importante deste momento”, acima do presidente da república.
Logo na sequência, Michelle se pronunciou em tom religioso, rezando em meio ao discurso. A cidade de Juiz de Fora foi escolhida pelos candidatos por ser o local onde Bolsonaro foi esfaqueado durante sua campanha de 2018. A primeira-dama não deixou de fazer alusão ao episódio, afirmando que “Deus fez milagre na vida de meu marido”, e que o atentado partiu “daqueles que pregam amor e pacificação”.
A entrega de palanque à primeira-dama foi uma estratégia adotada pelo presidente também no lançamento de sua candidatura, na convenção nacional do PL, no final de julho. Assim como em Juiz de Fora, Michelle discursou adotando uma retórica religiosa, e também relembrando a facada de 2018, afirmando que a sobrevivência do até então candidato se deu por intervenção divina.
Com o destaque de Michelle, Bolsonaro procura obter apoio de dois nichos ao mesmo tempo: de um lado, procura reforçar o interesse em manter proximidade com o eleitorado evangélico, do qual a própria primeira-dama faz parte. Isso também preserva o apoio de lideranças como os pastores Silas Malafaia e Marco Feliciano (PL-SP). Do outro lado, a estratégia busca diminuir a resistência por parte do eleitorado feminino, que corresponde a cerca de 50% dos votos e é um dos principais focos de rejeição ao presidente nas pesquisas de intenção de voto.
Os discursos de Michelle, porém, são constantemente criticados por seguidores de religiões de matriz africana, tratados de forma hostil pela primeira-dama. No público evangélico, bem como em demais vertentes cristãs, parte das lideranças também repudiam sua postura. A frente inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns chegou a divulgar uma nota no dia 9 afirmando que suas declarações “promovem, através da demonização do diferente, a cultura de ódio, colocando em risco a convivência pacífica entre as distintas tradições religiosas e o respeito às diferentes crenças”.
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