Lula chega às eleições municipais deste domingo com a aprovação de 51% dos brasileiros, mostra pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira. Em fevereiro do ano passado, início do atual governo, seis em dez eleitores consideravam seu governo melhor do que o do antecessor, Jair Bolsonaro. Essa avaliação positiva caiu — está em 38%, segundo o levantamento. E a economia continua sendo o maior problema do país para um quarto da população,
Lula alcança no Nordeste os melhores resultados — 69% de aprovação. Foi na região, a mais carente do país, que o PT concentrou suas apostas para as eleições. Lançou candidatos em cinco das nove capitais. As maiores chances de vitória estão em Teresina e Fortaleza, mas a disputa é muito apertada.
Na capital do Ceará, estado que o PT governa desde 2015, o petista Evandro Leitão está em segundo lugar, com 22,6%, em empate técnico com o candidato do PL, André Fernandes, que lidera com 24%, de acordo com o agregador de pesquisas Globo. Na capital do Piauí, pesquisa Quaest de 16 de setembro indicava que o candidato do União Brasil, Silvio Mendes, estava à frente, com 44%, seguido pelo petista Fabio Novo, com 40%, num empate técnico. O PT comanda o estado há nove anos.
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Já em Salvador, o candidato do UB, o prefeito Bruno Reis, está muito à frente do nome oficialmente apoiado por Lula, Geraldo Júnior, do MDB — 74% a 6%, respectivamente, segundo levantamento Quaest de 17 de setembro. O PT ocupa o Palácio de Ondina desde 2007.
O panorama eleitoral do Nordeste mostra não apenas as dificuldades do PT, que hoje está fora do comando das capitais no país, mas também os obstáculos persistentes para Lula construir a “frente ampla” desejada para se manter no poder em 2026.
O presidente deu prioridade à disputa na capital paulista, onde imaginou que a polarização com Jair Bolsonaro seria mais exacerbada. No entanto, o outsider Pablo Marçal tornou o resultado incerto. Rachou a direita bolsonarista e pode levar a esquerda, representada por Guilherme Boulos, a ficar fora do segundo turno pela primeira vez na cidade. Pela dimensão que Lula deu à eleição paulistana, uma eventual derrota de Boulos será também dele. A campanha na maior cidade do país tem mostrado também que, ao contrário das previsões, Lula e Bolsonaro são menos influentes do que há dois anos.
PublicidadeNo Rio, reduto bolsonarista, Alexandre Ramagem até cresceu, chegou a 20%, mas não ameaça a liderança do prefeito Eduardo Paes, com 53%, segundo a Quaest. Paes, apesar do apoio de Lula, mantém-se independente na política local e fez campanha descolada da imagem do presidente. A luta de Bolsonaro é levar Ramagem ao segundo turno, mas foram isolados por Paes. O candidato do PSol, Tarcísio Motta, rejeita o voto útil no prefeito, mas corre o risco de falar sozinho. A esquerda deve se dividir por receio de que, na reta final, o bolsonarista consiga avançar para o segundo turno.
Projeções feitas a partir de pesquisas mostram que PL, União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos, nesta ordem, são os mais competitivos nas maiores cidades do país. Somados, podem ganhar em 88 dos 103 dos maiores municípios. Individualmente, o PL está à frente, com 18 candidatos. O PT é o sétimo da lista, com onze nomes com chance de vitória.
O predomínio da centro-direita nas prefeituras vai ter influência direta sobre a metade final do governo Lula e as eleições presidenciais — assunto que entra na pauta assim que terminar o segundo turno. A nova configuração do poder nos municípios poderá levar a uma reforma ministerial, que permita a Lula insistir na frente ampla para 2026. Os arranjos passam também pelo comando da Câmara e do Senado, em fevereiro.
O país parece confirmar a prevalência das forças de centro e de direita. Lula terá de administrar melhor essa coabitação para ter chance de permanecer no Planalto em 2026.