O ex-garçom Adélio Bispo, autor do atentado à faca contra o presidente Jair Bolsonaro em Juiz de Fora (MG) em 2018, disse que considera o presidente um impostor, e que teve motivações políticas e religiosas para o ato. O vídeo com o depoimento de Adélio, hoje internado compulsoriamente por transtornos mentais, foi feito pela Polícia Federal e divulgado pelo site da revista Veja.
Adélio conta que agiu por “ordem divina” e que tinha desprezo pelo então candidato porque Bolsonaro, católico, tinha se “infiltrado” no meio evangélico para angariar votos. “Ele é um impostor, meramente um impostor”, disse. Ele foi considerado inimputável pela Justiça devido aos problemas mentais diagnosticados.
Assista ao vídeo de Veja com o depoimento de Adelio
Apesar de não haver indicação da data, a gravação deve ter sido feita entre 2018 e 2019. Adélio diz que tinha ordem divina para o ato e o planejou com pouca antecedência, três dias antes da visita de Bolsonaro à cidade. Ele diz que, no dia do ato, pensou em desistir quando Bolsonaro entrou em um prédio público, e até cogitou de roubar uma arma de fogo de um policial militar no local para tentar matar o candidato com um tiro.
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No depoimento, Adélio afirma que esteve próximo de Carlos Bolsonaro em um clube de tiro em Florianópolis tempos antes, mas que, então, não havia recebido “ordem divina” para atentar contra o filho do presidente. “Eu não tinha pensado. Quando ele [Deus] disse, eu fiquei até surpreso”, disse.
Ao falar sobre política, Adélio –diagnosticado com transtorno delirante persistente – conta que também tinha um desejo de atentar contra Michel Temer e que considera o PT “menos ruim” que o PSDB no poder. “Pelo menos nossas estatais não seriam entregues assim. As reformas da previdência e trabalhista não aconteceriam. Porque não aconteceu no governo do PT”, disse (o PT aprovou uma reforma da previdência ainda em 2003). “Entre o PT e o PSL do Bolsonaro, sou mais o PT, porque essas mesmas coisas que o PSDB fez, o Bolsonaro faz e promete fazer mais.”
PublicidadeAdélio está internado desde setembro de 2018 por ser considerado inimputável. Em alguns momentos, sua fala vai para o campo da paranoia: ele fala sobre a teoria de que a Maçonaria é mantida com recursos do estado, e que mesmo um agente do FBI o visitou em Balneário Camboriú (SC), em 2016, quando ele ainda trabalhava como garçom.
Segundo dois relatórios da Polícia Federal, o ex-garçom agiu sozinho e não fazia parte de nenhum plano maior para tirar a vida de Bolsonaro – tese que Bolsonaro chegou a discordar mesmo em discurso nas Nações Unidas. O autor do atentado disse que não se arrepende do ato, e que estava pronto para morrer fuzilado após a facada. “Para minha surpresa, estou vivo. Com todos esses problemas, mas vivo.”
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