Dia 17 de julho de 2007. Ao aterrissar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o piloto do Airbus A320-233 – usado no voo 3054, procedente de Porto Alegre – não conseguiu frear. O avião avançou além da pista, cruzou a avenida Washington Luís e se chocou com um posto de gasolina e com um prédio da própria empresa responsável pela aeronave, a TAM (atual Latam). Morreram todos os 187 passageiros e tripulantes a bordo e outras 12 pessoas em solo, totalizando 199 óbitos. O fato faz jus ao clichê, que o redator pede a sua licença para usar: realmente chocou o Brasil e o mundo. É considerado até hoje, pelo número recorde de vítimas fatais, o maior desastre da história da aviação brasileira.
No momento em que esta notícia vai ao ar, a pandemia de covid-19 no país acumula 14,6 vezes mais mortes do que o acidente do voo 3054. São 2.912 óbitos, conforme a contabilidade dos dados enviados ao Ministério da Saúde pelas secretarias estaduais da área (acesse esses e outros dados em detalhes).
Conforme monitoramento próprio do Congresso em Foco, 1.520 municípios têm neste instante casos oficialmente confirmados de covid-19, 429 deles com registro de óbitos. Alguns, como Manaus, atingiram o colapso sanitário e funerário. Não há vagas nos hospitais para atender nem aos infectados por coronavírus nem a portadores de outras doenças. Para enterrar os mortos, foram criadas às pressas covas coletivas.
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Há um consenso entre os especialistas nacionais e estrangeiros de que a ação de vários governadores e prefeitos, com medidas de isolamento social que reduziram a circulação de pessoas e em consequência disso a velocidade de propagação do coronavírus, tornaram o cenário epidemiológico brasileiro menos grave do que sugeria a situação de algumas semanas atrás.
Também é consensual o reconhecimento de que a subnotificação é grande. Ou seja, temos bem mais casos e mortes associadas ao coronavírus do que indicam as estatísticas. O Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois), que reúne pesquisadores da USP, da PUC-Rio, da UFRJ e da Fiocruz, estima que os números reais sejam 12 vezes maiores, conforme revelou a jornalista Roberta Jansen, do Estadão.
PublicidadeMesmo assim, o Brasil ocupa agora o 11º lugar mundial em números tanto de casos quanto de óbitos. Seguem os dados atualizados de óbitos por país, conforme o monitoramento do jornal The New York Times até as 11h20 desta quinta-feira (23):
País – total de óbitos *
EUA – 42.501
Itália – 25.085
Espanha – 22.157
França – 21.340
Reino Unido – 18.100
Bélgica – 6.262
Irã – 5.391
Alemanha – 5.094
China – 4.632
Holanda – 4.177
Brasil – 2.912
* A fonte para os dados de outros países é o jornal The New York Times. A estatística para o Brasil vem do monitoramento dos dados informados pelas secretarias estaduais de Saúde.
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