Homem ligado ao deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), aliado de Jair Bolsonaro, participou do ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de sábado (13). Leandro Cavalieri ou Cavalieri do Otoni, como ele se apresenta, aparece entre os manifestantes durante o ataque. “Sou Cavalieri do Otoni, assessor parlamentar do deputado Otoni de Paula. Você [STF] não vai acabar com o nosso Brasil. Viva a democracia, canalha, tá? Nosso Brasil vai ser livre eternamente, em nome de Jesus”, disse Leandro.
Apesar de Cavalieri se apresentar como assessor do deputado, o congressista negou que o homem faça parte de sua equipe, “nem em Brasília e nem Rio de Janeiro”. Segundo Otoni, Cavalieri jamais o assessorou. “A relação que tenho com ele é uma relação política, como eu tenho com muitas pessoas que vêm até mim querendo meu apoio político”, afirmou Otoni para o Congresso em Foco.
Após o ataque, um dos integrantes do grupo diz: “o ataque às instituições mais lindo que já vi”.
Outro, se identifica como assessor do Deputado Federal Otoni de Paula.
Um terceiro diz que se os ministros do STF não renunciarem, “não vai ficar um vivo” pic.twitter.com/lbqBjVkEod
— Samuel (@SamPancher) June 14, 2020
A reportagem tentou checar no site da Câmara se Cavalieri consta como assessor parlamentar do deputado, mas o sistema está fora do ar.
O congressista afirmou que Leandro Cavalieri não receberá mais seu apoio político daqui em diante. “Garanto que o apoio político que eu poderia dar a ele, já não darei mais devido a esse comportamento antidemocrático e que eu não concordo”, disse Otoni.
No dia 7 de fevereiro o deputado Otoni de Paula apareceu em um vídeo, ao lado de Cavalieri, onde afirmou que Deus uniu os propósitos dos dois. “A minha história com ele é uma história de muito carinho, de muita fidelidade e eu sempre digo pra ele que Deus não apresenta pessoas, que Deus une propósitos. A vida de Cavalieri para a minha vida, sem dúvida nenhuma, é um grande propósito para o Rio de Janeiro”, disse o congressista.
Na descrição da mesma publicação, Leandro disse que estava trabalhando ao lado do deputado. Porém, em nenhum local, ele se apresenta oficialmente como assessor, conforme fez na manifestação de sábado.
Em outro vídeo publicado no dia 22 de janeiro, Otoni afirma que Cavalieri é um amigo e que estava em Brasília a seu convite. Ambos aparecem no Plenário da Câmara. Otoni diz que consentiu para que Leandro utilizasse seu nome como identidade política.
Em vídeos publicados em seu Instagram, ao lado de Carlos Bolsonaro e de Eduardo Bolsonaro, ambos filhos do presidente, Cavalieri afirma que os dois são “grandes amigos”.
No Instagram de Leandro Cavalieri a imagem de Otoni de Paula é muito frequente, inclusive em diversas artes semelhantes as de campanhas, nessa segunda categoria também é comum Cavalieri utilizar de fotos de Bolsonaro.
Lamentável
Otoni de Paula classificou o ataque ao STF como “lamentável”. “Eu classifico o que aconteceu no sábado como algo lamentável. Eu sou a favor da liberdade de expressão, sou a favor que haja manifestações, mas manifestações ordeiras e que respeitem as instituições. Eu entendo que você pode criticar pessoas, mas devemos ter respeito pelas instituições, que são a base, o pilar da nossa democracia”, afirmou o deputado.
No final da tarde deste domingo (14), uma das pessoas que jogaram fogos de artifício contra o STF foi preso. Trata-se de Renan Silva Sena, bolsonarista que ficou conhecido por agredir enfermeiras durante manifestação. Questionado sobre o que achava da prisão de Renan, Otoni defendeu a ação da Polícia Civil. “Sobre a prisão de Renan Silva, vem justamente daquilo que eu acredito. Quando alguém, quando um cidadão confunde crítica a um ministro, crítica a um deputado, com ataque a uma instituição, a partir dai ele já está excedendo o direito que a democracia nos garante de liberdade de expressão”, afirmou.
Otoni de Paula é um dos nomes favoritos de Jair Bolsonaro para a prefeitura do Rio de Janeiro. Aliado de primeira hora, o deputado costuma discursar sempre que tem oportunidade para defender o governo e atacar opositores a Bolsonaro.