Ao assumir, nesta quinta-feira (8), a presidência rotativa do Mercosul – bloco econômico atualmente formado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai –, o presidente Jair Bolsonaro fez uma série de críticas implícitas a gestão de Alberto Fernández no comando do grupo, no primeiro semestre de 2021. Bolsonaro também fez cobranças por “resultados concretos” de ações do bloco, e afirmou que, na presidência, o Brasil buscará reduzir tarifas e flexibilizar a negociação de acordos com parceiros de fora do bloco.
“O semestre que se encerrou deixou de corresponder as expectativas e necessidades de modernização do Mercosul”, disse Bolsonaro aos líderes do Mercosul. “Trabalharemos para gerar resultados que podem ser entendidos, valorizados e acima de tudo sentidos e percebidos por nossas populações e nossos empresários. Precisamos lançar novas negociações e concluir os acordos comerciais pendentes”, acrescentou.
O objetivo, segundo Bolsonaro, é que a economia mundial tenha “empresas mais competitivas, trabalhadores mais produtivos e consumidores mais satisfeitos”. “Não podemos deixar que o Mercosul continue a ser visto como sinônimo de ineficiência, desperdício de oportunidades e restrições comerciais. De modo a superarmos essa imagem negativa do bloco, o foco do brasil tem privilegiado a modernização da agenda econômica do Mercosul”, afirmou o presidente.
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“A persistência de impasses, o uso da regra do consenso como instrumento do veto e o apego a visões arcaicas de viés defensivo terão o único efeito de consolidar sentimento de ceticismo e dúvida quanto ao verdadeiro potencial dinamizador do Mercosul”, completou Bolsonaro.
No discurso, o chefe do Executivo também elogiou sua própria gestão de antes e durante a pandemia da covid-19, e afirmou que a recuperação econômica do país “já começou”. “Meu governo está empenhado em garantir rápida e plena recuperação da economia nesse momento, de intensificação da imunização em massa. Os brasileiros voltam a trabalhar, a estudar e a encontrar-se com plena segurança, a viver, enfim, em condições de absoluta normalidade”, disse.
Também estava prevista a participação do ministro de Relações Exteriores, Carlos França, e do secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, na 58ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados.
PublicidadeLeia o discurso do presidente, na íntegra:
“[Após agradecimentos aos demais países do bloco] Lamento que, desta vez, não nos tenhamos encontrado presencialmente. Com o avanço firme e decisivo da vacinação em massa nos próximos meses, estarei honrado em poder recebê-los no Brasil no final do ano. Tenho a forte esperança de podermos celebrar, durante presidência brasileira do Mercosul, o inicio da superação deste período tão desafiador e sofrido para nossos países e para o mundo. Meu governo está empenhado em garantir rápida e plena recuperação da economia nesse momento, de intensificação da imunização em massa. Os brasileiros voltam a trabalhar, a estudar e a encontrar-se com plena segurança, a viver, enfim, em condições de absoluta normalidade. Com a graça de Deus, as mudanças de reformas que empreendemos no Brasil oferecem base firme para a retomada econômica, juntamente com as medidas emergenciais e de garantia do ganha-pão das parcelas mais vulneráveis de nossa população. Nossa recuperação de fato já começou, como mostram os números mais atualizados de nossa economia. Estou convencido que o Mercosul pode e deve desempenhar papel crucial nesses esforços. Precisamos para tanto transformá-lo em um instrumento efetivo de promoção da liberdade e da prosperidade para os nossos povos.
Não podemos deixar que o Mercosul continue a ser visto como sinônimo de ineficiência, desperdício de oportunidades e restrições comerciais. De modo a superarmos essa imagem negativa do bloco, o foco do Brasil tem privilegiado a modernização da agenda econômica do Mercosul. Persistiremos nesse caminho durante o exercício da presidência ‘pro tempore’ que nos cabe até o final desse ano. Para avançar em passos certos e seguros, precisamos ter clareza de onde estamos. O semestre que se encerrou deixou de corresponder as expectativas e necessidades de modernização do Mercosul. Devemos ter apresentado resultados concretos nos dois temas que mais mobilizam nossos esforços recentes: a revisão da tarifa externa comum e a adoção de flexibilidades para a negociação de acordos comerciais com parceiros externos.
Senhoras e senhores, o Brasil tem pressa. Os ministros e negociadores do Mercosul já estão cientes de nossa sede por resultados. Precisamos lançar novas negociações e concluir os acordos comerciais pendentes. Ao mesmo tempo em que trabalhamos para reduzir tarifas e eliminar outros entraves ao fluxo comercial entre nós e com o mundo em geral. Queremos e conseguiremos uma economia mais arejada e integrada ao mundo. Empresas mais competitivas, trabalhadores mais produtivos e consumidores mais satisfeitos. Não podemos patinar na concepção desses objetivos. O Mercosul precisa mostrar seu valor com entregas a população, com a conquista de novos mercados e pela eliminação de entraves que tenham como resultado mais empreendimentos, novos empregos e produtos mais baratos. A persistência de impasses, o uso da regra do consenso como instrumento do veto e o apego a visões arcaicas de viés defensivo terão o único efeito de consolidar sentimento de ceticismo e dúvida quanto ao verdadeiro potencial dinamizador do Mercosul. Senhoras e senhores, o Brasil não vai parar nos esforços para modernizar sua economia e sociedade. Queremos que nossos sócios tenham integração, sejam nossos companheiros nessa caminhada para a prosperidade comum.
É por isso que, em nossa presidência de turno que se inicia hoje, continuaremos a trabalhar pelo resgate dos valores originais dos blocos, e melhor integração de nossas economias nas cadeiras regionais e internacionais de valor. Será a melhor maneira de honrar os 30 anos do Mercosul que celebramos nesse ano. O Mercosul nasceu de compromisso claro com a liberdade, com a democracia e de abertura para o mundo. Serão esses os princípios orientadores da atuação brasileira ao longo desse semestre. Na ampla agenda do Mercosul, trabalharemos para gerar resultados que podem ser entendidos, valorizados e acima de tudo sentidos e percebidos por nossas populações e nossos empresários. Queremos um Mercosul de resultados, um Mercosul que seja instrumento para a modernidade.
Contem com meu empenho e com o pleno engajamento de meu governo no exercício dessa responsabilidade, e no trabalho pelo resultado que todos ambicionamos e que nossos povos merecem.”
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