Visitou a Nova Zelândia? Não, a figura não foi conversar com a Jacinda. Nem com o Francisco. Também não falou com o vizinho Fernández ou com o recém-chegado Boric, nem tampouco com o Trudeau. Debateu, sim, a patadas, com o Maduro, Macron e Biden e, com afagos, trocou ideias com o Putin, o Orbán e Netanyahu. Entre tapas e beijos, mais aqueles que estes, conversou com Xi; pisou no pé da Merkel! Em Dubai, durante 20 minutos, conversou sobre cooperação nas áreas de educação, agricultura, ciência e tecnologia e temas militares! Em 20 minutos, e mediante intérprete!!! Imaginem a profundidade da conversa! Seu interlocutor, o Emir, foi condenado na Inglaterra por sequestrar as próprias filhas e ameaçar a mãe delas, uma das suas ex-mulheres! Gente fina, como se vê!
Tal é a política externa brasileira hoje, tão distante de qualquer coisa que se possa chamar de “interesse nacional”. A figura diz e repete “Deus acima de tudo”. Mas, qual é o seu Deus? O de Putin ou o de Francisco?
Nenhum dos citados goza de unanimidade, mas cada um deles revela aderência, ou não, a princípios democráticos e construtivos, à busca de um mundo melhor, ou não.
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Para avaliarmos o papel da figura no exterior temos também que olhar o efeito, lá fora e aqui dentro, de suas políticas: meio ambiente, pandemia, déficits orçamentários, calote em dívidas judiciais transitadas em julgado, completa falta de rumo, ou mais precisamente retrocessos, no que diz respeito à melhoria da qualidade de vida da população. Tudo isso implica menos apoio externo, que é fator importante na construção de qualquer país. E lá vamos nós….
Recentemente, experimentados embaixadores qualificaram nossa política externa como “está dilapidando nosso capital diplomático”; outro disse “as oportunidades perdidas e a diplomacia das trevas que se instalou no país nos primeiros anos do atual governo demandam […] novos rumos”. Disse ainda que “no mundo atual não é mais possível estabelecer uma fronteira nítida entre o que é interno e o que é internacional”.
Quando o governo se empenha em aprovar medida que dá calote em dívidas reconhecidas pela Justiça, alguém tem dúvida sobre como isso se reflete na construção de um “ambiente de negócios” mais favorável? Isso ajuda a reduzir o chamado “custo Brasil”? No mesmo sentido, deixar de se empenhar no combate à corrupção, inclusive apoiando os corruptores fundões eleitoral e partidário, ajuda a quem?
PublicidadeNeste último caso, afasta-nos ainda mais de uma democracia com boas perspectivas. Isso por que faz crescer a distância entre ocupantes de cargos eletivos e os mortais comuns: estes, em sua maioria carentes de dinheiro e aqueles gastando a rodo, literalmente comprando votos na tentativa de tornarem a se eleger!
Além das mais de 640 mil mortes, esses são alguns dos resultados da atual gestão, que pretende se reeleger e cresce nas pesquisas.
Como fazer frente a tal risco? Há muita gente pensando exatamente isto! Já foram lançados vários candidatos, mas faltam-lhes propostas. Não se discute fazer o quê! A disputa continua na base das simpatias, antipatias, e compromissos impublicáveis, o que não nos conduz a bom porto.
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