Há 22 anos, bem antes do pronunciamento inspirado em discurso nazista do Secretário Especial de Cultura, Roberto Alvim, o próprio Jair Bolsonaro defendeu a liberdade de expressão dos alunos do Colégio Militar de Porto Alegre que haviam escolhido Adolf Hitler como o personagem histórico mais admirada. O então deputado federal ainda disse, na ocasião, que os alunos votaram em Hitler por entenderem que “de uma forma ou de outra”, o líder nazista soube impor ordem e disciplina.
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Adolf Hitler foi escolhido por 84 dos 158 formandos da turma de 1995, que incluíram seu nome na revista estudantil Hyloea publicada em 1997, segundo a revista Veja. “Quero deixar patente minha revolta com a grande mídia, um tanto quanto servil, que criticou duramente o Colégio Militar de Porto Alegre apenas porque nove entre 84 alunos resolveram eleger entre Conde Drácula, Hércules, Nostradamus, Rainha Catarina, Átila – só faltou FHC -, Hitler como personalidade histórica mais admirada”, afirmou Bolsonaro em discurso realizado na Câmara dos Deputados.
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Naquela ocasião, o então deputado federal Jair Bolsonaro ainda afirmou os estudantes estavam “carentes de ordem e de disciplina”. Ele elogiou, então, a disciplina de Hitler, sem deixar de atacar o então presidente Fernando Henrique Cardoso. “Enquanto o nosso presidente da República não dá exemplo disso, eles [os alunos] têm que eleger aqueles que souberam, de uma forma ou de outra, impor ordem e disciplina”, disse Bolsonaro.
No final da sua fala, Bolsonaro disse, por sua vez, que não concorda com as atrocidades cometidas por Adolf Hitler.
Veja na íntegra o discurso que o então deputado Jair Bolsonaro fez sobre o assunto em 21 de janeiro de 1998:
“Sr. Presidente
A verdade é essa: o povo sofre, e sofre muito, com essa mídia que prática a desinformação. Não informa das verdades que acontecem nesta Casa. Nós só levamos paulada o tempo todo, mas quem vem aqui corromper alguns parlamentares é o Executivo. Isso, através da televisão, nós mostraremos aos poucos para todo o Brasil.
Já que se fala em privatização, acredito que é preciso privatizar, em primeiro lugar, a grande imprensa, porque 500 milhões de reais saem do contribuinte para comprar a consciência do povo brasileiro por meio da desinformação que parte da grande mídia. É uma grande covardia para com o nosso povo.
O Alexandre Garcia, por sua vez, não está nem um pouco preocupado com a sua previdência. Quem ganha a fortuna que ele ganha do contribuinte durante a sua vida útil – que, para mim, é uma inutilidade- não tem de se preocupar com o seu futuro. Ele tem bens mais do que suficientes para levar uma boa vida.
Em tempo, quero deixar patente minha revolta com a grande mídia, um tanto quanto servil, que criticou duramente o Colégio Militar de Porto Alegre apenas porque 9 entre 84 , alunos resolveram, eleger entre Conde Drácula, Hércules, Nostradamus, Rainha Catarina, Átila – só faltou FHC -, Hitler como personalidade histórica mais admirada. Se eles tivessem eleito FHC, logicamente estariam elegendo o pai do Governo mais corrupto da História do Brasil, porque ele não admite que nenhuma denúncia de corrupção seja apurada por esta Casa. Ele não é exemplo para a juventude.
Um colégio sério, com o Colégio Militar de Porto Alegre, para que tenha qualidade, tem de ter liberdade de expressão. Reitere-se que os alunos – a maioria é formada por menores – pagam por esta revista, portanto têm liberdade de escrever o que bem entenderem. Devemos respeitar esta juventude que começa, a partir destes debates e desta matéria na imprensa, a se preparar para ser, no futuro.
Ao mesmo tempo, gostaria de criticar o Centro de Comunicação Social do Exército, que anunciou que vai acompanhar a revista.
Esses garotos, entre tantos outros, são filhos de militares e estão realmente carentes de ordem e de disciplina neste país. Enquanto o nosso presidente da República não dá exemplo disso, eles têm que eleger aqueles que souberam, de uma forma ou de outra, impor ordem e disciplina, se bem que, como o jovem aluno do Colégio Militar que não foi para a Escola preparatória de Cadetes do Exército, de nome Roberto dias torres júnior, nós também não concordemos com as atrocidades cometidas por Adolf Hitler.
Sr. Presidente, esta é a minha manifestação.”