Jair Bolsonaro demitiu o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, na tarde desta quarta-feira (9). O presidente chamou o ministro no Palácio do Planalto para uma reunião que não estava em sua agenda e oficializou sua demissão.
O motivo seria uma mensagem que o então titular da pasta enviou a um grupo de Whatsapp de ministros na terça-feira (8). Na mensagem (leia na íntegra a seguir), Álvaro Antônio acusava o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, de negociar cargos com o Centrão. A crítica dirigida pelo titular do Turismo ao articulador político do governo irritou o presidente.
Álvaro Antônio diz que as aprovações no Congresso Nacional costuradas pelo militar teriam um altíssimo preço, se comparadas à sua “insignificância”. “Ministro Ramos, o senhor entra na sala do PR [Presidente da República] comemorando algumas aprovações insignificantes no Congresso, mas não diz o altíssimo preço que tem custado”, disse.
“Conheço de parlamento, o nosso governo paga um preço de aprovações de matérias nunca visto antes na história, e ainda assim (na minha avaliação), não temos uma base sólida no Congresso Nacional, (tanto que o senhor pede minha cabeça pra tentar resolver as eleições do parlamento, ironia, pede minha cabeça pra suprir sua própria deficiência)”, afirmou.
A crítica passa então para um tom pessoal: “Nem por isso Ministro Ramos, fui ao PR pra dizer que o Sr não capacidade (sic) pra atuar em tal função, AO CONTRÁRIO, várias vezes ofereci ajuda pra que o Sr tivesse êxito em suas atribuições”. E completa: “O Sr é exemplo de tudo que não quero me tornar na vida, quero chegar ao fim da minha jornada EXATAMENTE como meus pais me ensinaram, LEAL aos meus companheiros e não um traíra como o senhor”.
Até o momento, nenhum dos canais oficiais do Planalto ou do presidente se manifestaram sobre o tema. Duas fontes ligadas ao PSL afirmaram ao Congresso em Foco não terem notícias oficiais sobre a demissão, e que acompanham o caso por “desdobramentos na imprensa”.
“Demissões de ministros são decisões do presidente. E o Alvaro é da cota pessoal do Bolsonaro”, explicou um membro da executiva nacional do PSL. “Logo, sabemos o que tem saído na mídia.”
Já o deputado Junior Bozella (PSL-SP) afirmou que não há informação interna oficial sobre o caso e que não sabe se Marcelo Álvaro Antônio, que era próximo ao presidente, vai se realinhar no dia a dia do partido na Câmara. “A posição dele é um pouco diferente dos demais, apesar de ele estar mais alinhado a esta ala do Palácio”, disse.
Marcelo Alvaro Antônio foi denunciado pelo Ministério Público no ano passado por envolvimento no esquema de candidaturas laranjas do PSL em Minas Gerais. A denúncia, entretanto, não abalou a permanência do ministro no cargo – o que só aconteceu após o desentendimento com o general Ramos. Com a demissão, Marcelo Alvaro Antônio deve retornar à Câmara dos Deputados, onde foi o parlamentar mais votado pelo PSL em Minas em 2018, com 230 mil votos. Ele ocupa a vaga assumida por seu suplente em fevereiro de 2019, Eneias Reis (PSL-MG).
Leia a íntegra da mensagem de Marcelo Alvaro Antônio :
Caros colegas, de antemão peço desculpas por utilizar este espaço com objetivo que não seja a construção de um Brasil melhor.
Ministro Ramos, sinceramente não sei onde o Sr estava nos anos 2016, 2017, 2018…
Mas eu, junto ao Ministro Onix e outros membros do governo, já estava na Câmara do Deputados articulando em favor da então candidatura do Presidente JB (em um momento que quase ninguém acreditava na eleição dele). Na ocasião da campanha, percorri TODAS as regiões do estado de MG de carro para organizar as ações da campanha, dormindo na maioria das vezes 4 / 5 horas por noite, levando as pessoas a minoria a acreditar que precisávamos dele para mudar o Brasil (a maioria naquele momento já acreditava).
Quem estava na campanha eram os conservadores que hoje o senhor ataca sem parar, de forma covarde.
Quando indicado ao Presidente pelo ministro Onix, procurei incansavelmente honrar nosso Capitão à frente do Ministério do Turismo. O trabalho me parece que surtiu efeito… Em 2019 vivemos o melhor momento da história do ministério:
– Enquanto a própria economia (PIB) cresceu 1,1% a economia do Turismo cresceu 2,6 (mais que o dobro);
– Geramos 163% a mais de empregos que o mesmo período do ano anterior;
– Com a ajuda do Itamaraty e da Assessoria Internacional do Presidente, isentamos de vistos quatro países estratégicos EUA, Japão, Canadá e Austrália, isso nos permitiu bater alguns recordes, pela primeira vez na história Cataratas do Iguaçu ultrapassou a barreira de 2 milhões de visitantes em 2019;
– A transformação da EMBRATUR em uma agência de promoção internacional (um pleito de mais de 10 anos) vai sem dúvida em médio prazo trazer grandes resultados;
– Fui a Madri em bate e volta, fiz três reuniões, resultado: Conseguimos atrair o Wakalua, o maior hub de inovação e tecnologia em soluções para o turismo do mundo, o escritório será aberto no próximo semestre (vai nos trazer GRANDES avanços);
Conseguimos atrair a Air Europa para operar no Brasil (Já homologada pela ANAC); Conseguimos atrair o Escritório da Organização Mundial do Turismo (OMT), será instalado no RJ, ação que vai colocar o Brasil na vitrine dos investimentos do turismo no mundo.
– Na pandemia as ações do Ministério do Turismo (junto ao ME) foram alvo de gratidão e reconhecimento desde os maiores empresários do Trade turístico até os mais simples Guias de Turismo.
Enfim, dito isso, não me admira o Sr Ministro Ramos ir ao PR pedir minha cabeça, a entrega do Ministério do Turismo ao Centrão para obter êxito na eleição da Câmara dos Deputados.
Ministro Ramos, o Sr entra na sala do PR comemorando algumas aprovações insignificantes no Congresso, mas não diz o ALTÍSSIMO PREÇO que tem custado, conheço de parlamento, o nosso governo paga um preço de aprovações de matérias NUNCA VISTO ANTES NA HISTÓRIA, e ainda assim (na minha avaliação), não temos uma base sólida no Congresso Nacional, (tanto que o Sr pede minha cabeça pra tentar resolver as eleições do parlamento, ironia, pede minha cabeça pra suprir sua própria deficiência)…
Nem por isso Ministro Ramos, fui ao PR pra dizer que o Sr não capacidade pra atuar em tal função, AO CONTRÁRIO, várias vezes ofereci ajuda pra que o Sr tivesse êxito em suas atribuições (ex: Contratação do Carlos Henrique, abrindo espaços no MTur).
SOMOS UM TIME PELO BRASIL, o Sr deveria ter aprendido na sua própria formação militar que não se joga um companheiro de guerra aos inimigos, não se pode atirar na cabeça de um aliado…
Ministro Ramos, o Sr é exemplo de tudo que não quero me tornar na vida, quero chegar ao fim da minha jornada EXATAMENTE como meus pais me ensinaram, LEAL aos meus companheiros e não um traíra como o senhor.
Tenha um Bom dia!
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