O ministro Paulo Guedes (Economia) deve ser oficiado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, para prestar mais informações sobre a existência de uma empresa offshore em paraíso fiscal.
Conforme revelou reportagem da investigação Pandora Papers, a Dreadnoughts International, empresa de Guedes, é uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. O ministro investiu 9,55 milhões de dólares, o equivalente a R$ 23 milhões na época. Hoje, estaria avaliada na faixa de R$ 51 milhões.
Aras afirmou que dará início a um processo de investigação preliminar e defendeu que não se deve fazer juízo de valor antes da apuração dos fatos pelos órgãos competentes. A informação foi publicada pelo site Poder360.
“Trata-se de uma notícia que foi publicada pela imprensa. Com todo respeito à mídia, não podemos fazer investigações com base em notícias. O PGR fará, como de praxe, uma averiguação preliminar. Vamos ouvir algumas pessoas e requisitar documentos. Depois é que vamos fazer um juízo de valor se é necessário pedir a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal, que é o foro para quando há ministros de Estado citados. Mas tudo será dentro do devido processo legal. A 1ª pessoa a ser ouvida será o ministro Paulo Guedes, que será oficiado e poderá com tranquilidade enviar todos os esclarecimentos. Podemos também oficiar órgãos de controle. Mas não faremos nenhum juízo de valor antes disso”, esclareceu em nota.
Leia também
A empresa teria sido fundada para salvar seus investimentos da turbulência econômica sofrida no Brasil sob o governo de Dilma Rousseff. Também participam da empresa a mulher, Maria Cristina Bolivar Drumond Guedes, e a filha, Paula Drumond Guedes.
Desde que declarada e regulada junto à Receita Federal, ter conta no exterior e abertura de offshore não são ilegais. No entanto, há exceções no caso de servidores públicos. O Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe membros do alto escalão de seguir com investimentos financeiros no Brasil ou no exterior.
PublicidadeOposição reage
Parlamentares, presidenciáveis e membros da oposição ao governo reagiram à descoberta da empresa de Guedes. No Twitter, apontaram conflito de interesse e pedem convocação do do ministro “posto ipiranga” pelo Congresso para prestar maiores esclarecimentos e abertura de investigação pelo Ministério Público Federal (MPF).
Líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), afirmou no Twitter que o MPF será acionado para dar início à uma apuração das empresas de Guedes. Em outra nota divulgada, o deputado afirmou que apresentará uma ação de improbidade contra Paulo Guedes e Roberto Campos Neto.
🔴 Após o Pandora Papers revelar que o ministro da Economia e o presidente do Banco Central têm offshores milionárias em paraíso fiscal, nós, da Oposição, vamos acionar o MP para que sejam investigados. Também vamos convocá-los à Câmara para que se expliquem ao país.
— Alessandro Molon 🇧🇷 (@alessandromolon) October 3, 2021
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) apontou que a existência da empresa mostra que Guedes se beneficiou da alta do dólar e pediu a exoneração do ministro.
Já saiu a exoneração do Guedes, o Posto Ipiranga do Bolsonarismo?
O ministro tem offshore ativa nas Ilhas Virgens Britânicas e existe suspeita de que ele pode ter feito investimentos nos últimos dois anos, se beneficiando da alta do dólar diante do real.
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) October 4, 2021
Kim Kataguiri (DEM-SP) afirmou que a notícia é gravíssima e que Guedes será convocado ao Congresso para se esclarecer.
GRAVÍSSIMO
Reportagem do Poder360 indica que Paulo Guedes têm movimentado offshore em paraíso fiscal durante o exercício do cargo, o que é proibido por lei. Convocaremos o ministro na Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos.https://t.co/8ok1RgiGWK— Kim Kataguiri 🇧🇷 ☘️ (@KimKataguiri) October 3, 2021
A deputada Erika Kokay (PT-DF) disse que a revelação da offshore explica a preferência do ministro pela alta do dólar e afirmou que não há dúvidas sobre a existência de um conflito de interesses.
Offshore milionária de Guedes em paraíso fiscal explica a opção do ministro pelo dólar nas alturas. Não há nenhuma dúvida de que existe conflito de interesse entre o Guedes ministro da Economia e o Guedes banqueiro e investidor. É preciso que tudo seja devidamente investigado!
— Erika Kokay (@erikakokay) October 3, 2021
Veja outras personalidades da política brasileira que repercutiram a notícia:
Sobre o escândalo envolvendo Paulo Guedes: o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, instituído em 2000, proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de ser afetadas por políticas governamentais.
— Humberto Costa (@senadorhumberto) October 3, 2021
É antiético manter contas em paraísos fiscais para não pagar impostos. Se a conta é de uma autoridade econômica e foi declarada, pode ser legal, mas é grave. Se houve movimentação financeira é improbidade. Se usou informação privilegiada é crime! Se não apurar, é conivência!!
— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) October 4, 2021
Enquanto brasileiros comem carcaça, o ministro da Economia lucra com o dólar alto num paraíso fiscal. Esse é o retrato do Brasil de Paulo Guedes e Bolsonaro.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) October 4, 2021
E agora, uma aula sobre como se dar bem no mercado pic.twitter.com/50Imov4wjd
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) October 4, 2021
🚨ATENÇÃO: investigação da #PandoraPapers revela que Paulo Guedes tem offshore milionária em paraíso fiscal. Esse é o ministro da economia de Bolsonaro.
— Manuela (@ManuelaDavila) October 3, 2021
Então Guedes tem US$ 9,5 milhões em offshore em paraíso fiscal? É grave! Funcionários públicos do alto escalão não podem ter aplicações financeiras passíveis de ser afetadas por suas decisões. Guedes tem informações privilegiadas e já deve ter lucrado com isso. Vamos investigar!
— Túlio Gadêlha (@tuliogadelha) October 3, 2021
Investigação da #PandoraPapers revelou que Paulo Guedes possui uma offshore milionária em paraíso fiscal no Caribe. Enquanto o povo faz fila pra comprar osso, nosso ministro da economia lucra com a alta do dólar. Esse é o Brasil de Bolsonaro.
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) October 3, 2021
Se mantém empresa, não pode ser Ministro de Estado. Se mantém empresa fora do país, aí é que não pode mesmo. Se mantém empresa fora do país em regime de tributação diferenciada (offshore), a situação fica insustentável eticamente, afinal se trata do Ministro da Economia.
— Fábio Trad (@f_trad) October 3, 2021
> Para o PT, Lula é a única via para as eleições de 2022
> Agressão a Ciro Gomes expõe dilema de união das oposições a Bolsonaro
Deixe um comentário