Acusado na CPI da Covid de ter conhecimento de irregularidades na compra de vacinas e nada ter feito, o presidente Jair Bolsonaro promove neste sábado (26) mais uma “motociata”, desta vez na cidade de Chapecó, no oeste de Santa Catarina. O presidente carrega na garupa de sua moto o prefeito da cidade, João Rodrigues (PSD), que incentivou publicamente governadores e prefeitos a adotarem o tratamento precoce contra a covid-19. Mais de 93% dos leitos de UTI da rede pública na cidade estão ocupados, sobretudo por pacientes com covid-19.
“A gente vai até Xanxerê, de moto, 45 quilômetros, inaugura uma agência da Caixa, depois volta para Chapecó”, disse Bolsonaro no fim da tarde, em conversa com apoiadores no “cercadinho” do Palácio da Alvorada. Organizadores do evento estimaram a participação de até 50 mil pessoas. Mas não há informação oficial sobre o número de apoiadores presentes.
Nesse momento o Presidente Jair Bolsonaro @jairbolsonaro faz a sua quarta motociata na cidade de Chapecó, na sua garupa o prefeito que implantou o tratamento precoce e livrou Chapecó do COVID. pic.twitter.com/dksJrxhXjM
— Coronel Tadeu (@CoronelTadeu) June 26, 2021
A cúpula da CPI da Covid está preparando a apresentação de uma notícia-crime por prevaricação contra o presidente no Supremo Tribunal Federal e na Procuradoria-Geral da República. Nessa sexta-feira, os irmãos Luis Miranda, deputado federal, e Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, afirmaram à comissão que o presidente ignorou o alerta feito pela dupla a ele de que havia corrupção na compra da vacina indiana Covaxin, da Bharat Biotech. Segundo os irmãos, o presidente disse suspeitar do envolvimento do líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), no episódio e prometeu investigar o caso, o que não ocorreu.
Ainda essa semana, a CPI da Covid aprovou um pedido de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar os gastos públicos com as motociatas promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro. O requerimento para apurar os custos das motociatas foi apresentado pelos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Rogério Carvalho (PT-SE).
O argumento dos senadores é que, além de provocar aglomerações, os passeios do presidente mobilizam uma grande estrutura, com um alto custo aos cofres públicos. São aeronaves oficiais, equipes de segurança, combustível e diárias para os agentes. O esquema local de acompanhamento da motociata cabe à Polícia Militar.
O presidente da República cumpre agendas em Chapecó desde a tarde de sexta-feira (25). Entre as atividades, ele visitou a Arena Condá, estádio da Chapecoense, e realizou uma palestra para empresários da região, durante a qual fez críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo dados da prefeitura, atualizados na última quarta-feira, 93% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na rede pública estão ocupados, o mesmo ocorreu com 73% dos leitos da rede privada.
* Thaís Rodrigues é repórter do Programa de Diversidade nas Redações realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo, com o apoio do Google News Initiative.
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