O PP e o Republicanos, partidos que têm representação na Esplanada dos Ministérios de Lula (PT), estão do lado governista na Câmara e do lado da oposição no Senado. É o que dizem os dados do Radar do Congresso, ferramenta do Congresso em Foco que monitora as votações de cada parlamentar nas duas Casas legislativas.
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A metodologia do Radar do Congresso se baseia nas votações em plenário. O índice de governismo de cada parlamentar é calculado a partir das votações do parlamentar que seguiram ou não a orientação do líder do governo. Votos iguais à orientação (sim ou não) aumentam o índice; qualquer opção diferente da orientação (seja sim, não, abstenção ou falta) diminui o índice de governismo.
O Radar também agrega as votações por partido, o que permite saber quais são, na prática, as legendas mais governistas em cada Casa. O resultado indica a disparidade dos partidos nas duas Casas:
- Na Câmara, PP e Republicanos têm taxas de governismo de 76% e 78%, respectivamente. A taxa fica acima do geral dos deputados, que é de 72%.
- No Senado, os dois partidos estão firmes na oposição: enquanto o conjunto geral dos senadores vota com o governo em 74% das vezes, o PP tem governismo de 58% e de 50%, respectivamente.
PP e Republicanos são partidos que costumam ser enquadrados no rótulo de "Centrão" por não terem um caráter ideológico específico, vinculante. Também são legendas que apoiaram Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Naquele momento, os dois partidos serviram de abrigo para vários candidatos que apoiavam Bolsonaro ou eram identificados com a direita, embora o PL tenha concentrado mais nomes próximos ao então presidente.
A base do governo Lula, no início do mandato, não incluía o PP e o Republicanos. A taxa de governismo das duas legendas aumentou no segundo semestre de 2023, após o presidente Lula nomear os deputados André Fufuca (PP) e Silvio Costa Filho (Republicanos) como ministros do Esporte e de Portos e Aeroportos. Enquanto isso, no Senado, as duas legendas servem seguindo de abrigo para parlamentares da oposição. O presidente do PP, Ciro Nogueira, é ex-ministro de Bolsonaro; o ex-vice-presidente Hamilton Mourão, filiado ao Republicanos, tem a taxa de governismo mais baixa do Senado.
Os números indicam que, nestes partidos, cada Casa legislativa é um universo distinto para o governo Lula. Na Câmara, é provável que o controle da pauta passe de uma sigla à outra: o atual presidente da Câmara, Arthur Lira, do PP, apoia a candidatura do favorito Hugo Motta (PB), filiado ao Republicanos.
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