O deputado Luis Miranda (Republicanos-DF), vice-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, se pronunciou sobre as denúncias de corrupção envolvendo o ministro da Educação, Milton Ribeiro, acusado de favorecer pastores evangélicos aliados do presidente Jair Bolsonaro utilizando recursos da pasta para a construção de igrejas. Na visão do deputado, o correto seria o ministro pedir sua própria exoneração diante dos escândalos.
O parlamentar considera que o escândalo envolvendo Milton Ribeiro prejudica tanto a sociedade quanto os projetos do legislativo. “Quando você tem um ministro de Estado que faz referência à preferência de atendimento de acordo interesses políticos, ou mesmo interesses escusos, como os que estão sendo investigados, você tem demérito aos demais parlamentares, inclusive a projetos da própria população. (…) [os projetos] são engavetados porque toda energia está sendo gasta com aqueles que têm um acordo, e vamos lá saber que tipo de acordo, com o ministro da educação”, explicou.
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Na visão do deputado, o fato do esquema envolver lideranças evangélicas não torna o caso menos preocupante, ou justificável diante da bancada. “Todos nós pagamos o mesmo imposto, e queremos receber o mesmo tipo de atendimento e serviço. Não pode ser um grupo de pastores amigos do rei que irão receber vantagem exclusiva”, apontou.
O deputado ainda ressalta que a postura de Milton Ribeiro atinge até mesmo os próprios interesses da bancada evangélica. “Nós temos vários outros pastores aqui dentro do parlamento, que inclusive constantemente defendem o governo, mas não são atendidos. Então, não é por serem evangélicos que essas pessoas recebem atendimento especial. É por serem amigos do rei, o que agrava ainda mais a situação”.
O escândalo envolvendo Milton Ribeiro é, para o deputado, sintoma da politização dos ministérios. “Esse extremismo, essa divisão da população em esquerda, direita, centro-esquerda, centro-direita, não pode ser representada dentro dos ministérios, que devem existir para executar, em favor da população, os impostos pagos por todos”
Ao Congresso em Foco, complementou afirmando que a politização das atividades do Ministério da Educação compromete, além dos interesses da população, a qualidade do serviço prestado. “Esse caso que envolve o ministro Milton demonstra claramente que a politização de um ministério afasta a tecnicidade. (…) E como a política faz: ela atende os seus primeiro, e depois o resto. E o Estado não tem tamanho para isso. Ele tem de atender a todos de acordo com os melhores projetos”, explicou.
PublicidadeSegundo o presidente da bancada, deputado Sóstenes Cavalcante (União-RJ), Luis Miranda não é o único da frente parlamentar a se indignar com os escândalos envolvendo Milton Ribeiro. “Já existiam insatisfações antes, o que é normal em toda relação entre o parlamento e o executivo. E com essa situação envolvendo o ministro, alguns colegas vieram externar as insatisfações”, relatou.
O líder evangélico afirmou também ter conversado com o ministro pela manhã desta terça-feira (22), e chegado ao acordo de aguardar 24 horas antes de emitir qualquer juízo de valor sobre a questão. “Vou aguardar, não sei se ele ainda deve dar algum discurso ou coletiva de imprensa, e vou me manifestar de acordo com as informações coletadas ao longo do dia. (…) De qualquer maneira, são áudios sérios, e o papel dele agora como ministro é esclarecer o que foi dito”.
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