Neste sábado (1°), cinco senadores concorrem à Presidência do Senado: Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), Eduardo Girão (Novo-CE), Marcos do Val (Podemos-ES), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Soraya Thronicke (Podemos-MS).
Pelas regras da Casa, antes de iniciar a votação, cada candidato tem até 15 minutos para discursar. Só após os pronunciamentos é que os senadores vão realizar a votação secreta por cédulas. Veja os destaques dos discursos dos candidatos:
Davi Alcolumbre (União Brasil -AP)
Favorito no pleito, o senador Davi Alcolumbre ressaltou a defesa do diálogo para sua gestão, caso seja eleito, e disse ter como objetivo “construir consensos”. O parlamentar, que esteve à frente da presidência do Senado entre 2019 e 2021, relembrou o legado de sua gestão, que, segundo ele, conseguiu avançar mesmo durante a pandemia e um cenário de polarização política.
Leia também
Segundo ele, o Senado “continuou como bastião de equilíbrio e estabilidade democrática e uma Casa sensível às necessidades do povo brasileiro”. Ele também destacou as pautas do auxílio emergencial, do marco legal do saneamento e da reforma da previdência.
“Sou um defensor intransigente do diálogo, da construção coletiva e das soluções compartilhadas. Para mim, governar é ouvir e liderar é servir, e é isso que o Brasil precisa agora”, afirmou Alcolumbre.
O candidato também apontou que o Brasil ainda enfrenta os “ecos da intolerância e da radicalização”, sendo necessário reconstruir reconstruir pontes e lembrar que adversário são parceiros no debate democrático. O senador relembrou o impasse das emendas parlamentares com o Judiciário e defendeu o respeito às decisões da Justiça, mas também às prerrogativas do Senado, entre elas a destinação desses recursos.
“A minha experiência, de quem foi timoneiro na tempestade, me credencia para este novo desafio: da pacificação, da reunião e da reconstrução. Não haverá futuro, se não houver diálogo, se não houver democracia”, complementou.
Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
Com uma candidatura instável e contra o anseio do próprio partido, o candidato Astronauta Marcos Pontes amenizou o fato de ter ido contra a sigla. Ele ressaltou o respeito pelos colegas do PL e ao ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem foi ministro da Ciência e Tecnologia. O senador citou também as tentativas do ex-chefe do Executivo de disputar a presidência da Câmara como uma “inspiração”.
“Minha candidatura teve inspiração na atitude corajosa do ex-deputado Bolsonaro, que concorreu quatro vezes à presidência da Câmara dos Deputados, sempre isolado, sempre combatido. Mas ele nunca desistiu”, disse o senador.
Ele reforçou que a eleição é sobre a mudança contra a estagnação. Marcos Pontes também disse ter o compromisso, se eleito, de “tirar da gaveta os pedidos de impeachment e garantir que sejam analisados, lutar pela anistia, trabalhar para reestabelecer o equilíbrio entre os poderes”. “Minha candidatura não é um projeto pessoal, é um projeto para devolvermos juntos ao Senado a sua grandeza”, concluiu.
Eduardo Girão (Novo-CE)
Também com um discurso de impor mudanças no Senado, o candidato Eduardo Girão criticou a ausência do reequilíbrio dos Poderes e o distanciamento do Senado com a população. O parlamentar ainda teceu críticas contra Alcolumbre, chamando-o de “candidato do continuísmo”, e acusando-o de assistir à censura.
“Eu, como presidente do Congresso, vou exercer minha liderança. Sei ter responsabilidade com dinheiro. Fui presidente do Fortaleza Esporte Clube na terceira divisão do Campeonato Brasileiro. Com gestão, em seis meses subimos para segunda e logo depois para primeira. É isso que eu quero fazer no Senado: que saia da terceira divisão e vá para a elite das instituições desse país”, disse Girão.
Com o discurso de renovação, o senador também firmou o compromisso de campanha de acabar com o foro privilegiado, dar continuidade a pedidos de impeachment e acabar com emendas parlamentares. “Nós viramos um balcão de emendas há muito tempo. O Congresso cada vez mais para o dinheiro. Eu sou a favor de acabar com emenda parlamentar. Isso é um desvio de função, está lá nossa preerogativa constitucional: fiscalizar o poder Executivo, fazer leis. Não é gerir orçamento”.
Marcos do Val (Podemos-ES)
O candidato Marcos do Val, que desistiu da candidatura após o discurso, focou em acusações de censura contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Há dois anos, o parlamentar está com as redes sociais suspensas. Ele também teve parte do salário bloqueado. O senador afirmou que vai receber uma multa de R$ 50 mil do magistrado por ter feito uso da tribuna.
“Sou o único senador da história do Brasil que, enquanto exerce o seu mandato, está censurado, com redes sociais bloqueadas, salários bloqueados e multa de R$ 50 milhões”, afirmou.
Marcos do Val definiu o processo como “a maior perseguição política da história do Brasil”. Posteriormente, defendeu a “separação e harmonia dos Poderes” e desenrolou um pergaminho com as “violações de direitos” que sofreu por decisões do ministro do STF.
Soraya Thronicke (Podemos-MS)
A candidata também desistiu da candidatura e reforçou em discurso a necessidade da representação feminina no Senado. Ela também seguiu o discurso dos demais candidatos sobre a independência dos Poderes e apontou a questão de uma “guerra de narrativas e guerra ideológica”.
“Em 200 anos, nunca tivermos uma mulher na presidência do Senado, nem da Câmara. E se analisarmos as Mesas Diretoras, raramente uma mulher ocupa um cargo de titular, quando muito são suplentes ou candidatas. Isso não é apenas uma questão de presença, é uma questão de voz. Nós mulheres somos a maioria da população, mas a minoria aqui no Legislativo. Se não tivermos espaço, independência e protagonismo, teremos cada vez menos políticas públicas para as mulheres“, afirmou Soraya Thronicke.