O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), deve retirar a sua candidatura à presidência da Câmara após ser convencido pela cúpula do partido de que seu nome se inviabilizou com o apoio recebido esta semana pelo seu principal oponente, o líder do Republicanos, Hugo Motta (PB). Bancadas numerosas como a do PL, do PT e do MDB aderiram à candidatura de Hugo. Em tese, o candidato paraibano conta com mais de 300 votos encaminhados. Já decidiram apoiá-lo até agora, além do Republicanos, o PP, o PT, o PL, o MDB, o Podemos e o PCdoB. Para se eleger em primeiro turno, são necessários pelo menos 257.
Antes de declarar a retirada da candidatura de Elmar, o União Brasil vai negociar cargos com o líder do Republicanos para tornar sua decisão oficial. Caso o acerto se concretize, o acordo deixará o caminho praticamente livre para sua eleição em fevereiro de 2025. Reservadamente, parlamentares ligados a ele reconhecem que a decisão está tomada, mas só será anunciada na próxima semana.
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Após reunião com a cúpula do partido nesta quinta-feira (31), Elmar disse que ainda é candidato, mas sinalizou que pode abrir mão de suas pretensões após conversar com as bancadas que o apoiam e o grupo de Hugo Motta e Antonio Brito (PSD-BA), com quem tem acordo de apoio mútuo em um eventual segundo turno.
“Nossa candidatura tinha a proposta de diálogo com o Brasil, com a Câmara dos Deputados. Recebi nesta manhã uma delegação do candidato Hugo Motta, pedindo diálogo, e a nossa bancada considerou por bem que a conversa é sempre salutar. Vamos ouvi-lo, como vamos nos encontrar com o candidato Antonio Brito, com quem fizemos pacto de apoio restrito ao segundo turno. Fruto dessa conversas poderá haver tipo de avanço. Não acredito que nesta semana haverá qualquer tipo de conclusão”, afirmou. “Me mantenho candidato. O partido me delegou carta branca, para o presidente Rueda e para o ACM Neto termos conversa com o presidente Gilberto Kassab [do PSD]”, declarou.
O líder afirmou que a decisão final caberá ao partido e seus aliados. “Não estou negociando nada. A gente não trabalha com cargos. Não tenho resistência em desistir nem em continuar. Minha candidatura não é minha. É nossa, do meu partido e dos partidos que me apoiaram”, ressaltou. Entre as legendas que haviam declarado apoio a ele estão a federação PSDB/Cidadania, o Avante e o PSB.
Hugo Motta também conversa com o PSD para que o seu líder, Antonio Brito (BA), retire-se da disputa à sucessão de Arthur Lira (PP-AL). Para isso, negocia com o presidente da legenda, Gilberto Kassab, que saiu fortalecido das eleições municipais, ao emplacar o maior número de prefeituras no país.
Elmar Nascimento não escondeu seu desapontamento com Lira, de quem era amigo íntimo e de quem esperava apoio à sua candidatura. “Já cheguei mais longe do que imaginava. Este processo começou com uma perda. Perdi um amigo que considerava o meu melhor amigo, o presidente Arthur Lira”, afirmou o líder ao chegar para a reunião com a executiva do partido que selou o seu destino. “Não posso desistir do que não é meu. A candidatura é do meu partido e dos que me apoiaram”, acrescentou. Ele disse, ainda, que não pode colocar sua vontade pessoal acima do desejo dos companheiros de partido.
Os termos do acordo com Hugo Motta serão definidos pelo próprio Elmar, pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e com o vice-presidente, ACM Neto.
O partido chegou à conclusão de que seria impossível derrotar Hugo Motta com os apoios declarados a ele por outras bancadas nesta semana. Prevaleceu o cálculo político de que, ao enfrentar o candidato do Republicanos, o União Brasil perderia a disputa e ficaria sem cargos importantes na estrutura da Casa. A sigla pretende reivindicar a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a relatoria-geral do orçamento de 2026 e um posto na Mesa Diretora. A relatoria também é cobiçada por outros partidos, como o MDB, que também abriu mão da candidatura de Isnaldo Bulhões (MDB-AL) para apoiar Hugo Motta.
A expectativa é de que o mesmo caminho seja adotado por Antonio Brito e o PSD. Desde que foi preterido por Arthur Lira, Elmar se aliou a Brito na tentativa de emplacar um nome de oposição ao candidato do presidente da Câmara. As negociações com o PT e outras bancadas mais alinhadas ao governo não prosperaram. Embora seja aliado do presidente Lula, Brito não conseguiu apoio do Planalto à sua candidatura. A avaliação no núcleo político do governo é de que seu nome não era capaz de reunir os votos necessários para vencer a disputa.
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