Eleito como segundo deputado federal mais votado em Goiás em 2022, Gustavo Gayer (PL-GO) vem de uma longa linhagem de políticos de carreira. Sua mãe, Maria da Conceição Gayer, foi vereadora, deputada estadual constituinte, secretária-geral do MDB de Goiás e fundadora do diretório local do extinto PDC. Seu bisavô, Plínio Gayer, foi deputado federal e colega de legenda do ex-presidente Juscelino Kubitschek, na época governador. Ele também é cunhado da deputada estadual Luana Ribeiro, do PCdoB de Tocantins.
Apesar do histórico familiar de ampla participação política com envolvimento no campo progressista, Gayer se destacou no discurso antipolítico, construindo sua imagem ao redor da pauta conservadora. Após o impeachment de Dilma Rousseff e diante da crescente popularidade de Jair Bolsonaro em 2016, utilizou suas redes sociais para se aproximar de formadores de opinião na direita goiana, gradualmente alcançando espaços na mídia local.
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Em 2020, tornou-se uma figura conhecida em seu estado. Militante bolsonarista, compareceu em programas de rádio e televisão atacando constantemente a atuação de professores, acusados por ele de utilizar o ambiente escolar para “doutrinar” os estudantes. Ele próprio é sócio de um curso de idiomas em Goiânia. O enfrentamento aos profissionais de educação se tornou sua principal pauta.
Gayer também manteve uma presença firme no Youtube, onde produzia vídeos defendendo as pautas do então presidente Jair Bolsonaro. Ainda em 2020, ganhou notoriedade no compartilhamento de notícias falsas sobre a pandemia, e se tornou conhecido em Brasília ao produzir fake news sobre um grupo de enfermeiras que foram atacadas durante um protesto na Praça dos Três Poderes.
Ele concorreu a prefeito de Goiânia no mesmo ano pelo DC, ficando em quarto lugar no pleito. Sua candidatura enfrentou problemas na justiça por não apresentar a certidão criminal negativa. A ausência do documento não aconteceu por acaso: em setembro de 2015, ele foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás ao ser flagrado alcoolizado após provocar um acidente de trânsito. Este foi o seu segundo acidente sob efeito de álcool: o primeiro, em 2000, resultou na morte de duas pessoas e uma terceira teria ficado paraplégica. O caso foi revelado pela deputada Silvye Alves (União-GO). Gayer respondeu a ela negando estar alcoolizado no dia, e que teria ficado traumatizado com o que aconteceu.
Em 2021, a CPI da covid-19 solicitou à empresa Google um relatório com quais perfis brasileiros mais lucraram com a divulgação de informações falsas sobre a doença. O canal de Gayer ficou em segundo lugar, acumulando cerca de US$ 8 mil com 56 vídeos. Ele já tinha mais de 400 mil inscritos quando o relatório foi entregue.
PublicidadeEleito deputado, Gustavo Gayer não demorou para atrair polêmicas ao redor de seus discursos. Na mesma semana de sua posse, em fevereiro de 2023, foi procurado pela agência de checagem Aos Fatos, que identificou 49 publicações em suas redes sociais com conteúdo falso ou ataques pessoais, e a empresa queria lhe ofertar a possibilidade de se posicionar a respeito antes da divulgação da matéria. O deputado expôs o e-mail em suas redes, e respondeu com um xingamento.
Em junho, retornou aos holofotes, ao declarar em um podcast que a dificuldade de se implementar regimes democráticos no continente africano se devia a uma suposta falta de inteligência da população local. Seu discurso foi exposto e criticado pela deputada Duda Salabert (PDT-MG), e resultou tanto em uma denúncia ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados quanto em uma ação movida pela Advocacia-Geral da União. Gayer respondeu chamando a deputada de “retardada”, e alegando não haver racismo em sua fala.
Neste sábado, uma matéria do Congresso em Foco revelou uma série de depoimentos de profissionais de educação contra Gustavo Gayer, acusado de promover uma campanha de perseguição em massa a professores em Goiás. Você pode conhecer a história com maiores detalhes clicando aqui.