Emedebista histórico, o ex-senador paranaense Roberto Requião se filiou ao PT em março do ano passado para disputar a eleição para o governo do estado. Ficou em segundo lugar, com 26% dos votos válidos, percentual insuficiente para impedir a reeleição em primeiro turno do governador Ratinho Junior (PSD). Principal herdeiro político do ex-senador, o deputado estadual Requião Filho também acompanhou o pai para o novo partido e conseguiu se reeleger para o terceiro mandato consecutivo. Nas eleições, ambos apoiaram abertamente a candidatura do presidente Lula (PT).
Mas, desde a posse do presidente, a relação entre a família Requião e o governo petista azedou e caminha para o rompimento. Pai e filho reclamam que foram abandonados pelo petista depois de terem se empenhado fortemente na campanha de Lula no estado. O sinal mais recente do esgarçamento da relação foi dado na última segunda-feira (17), quando Requião Filho tornou público seu descontentamento ao descobrir que dois ministros cumpriram agenda em Curitiba e que nem ele nem seu pai foram convidados a acompanhar a equipe do presidente Lula.
Na sexta-feira (14), o ministro da Justiça, Flávio Dino, desembarcou em Curitiba para participar, no Palácio Iguaçu, de uma solenidade de entrega de equipamentos e viaturas para reforçar o trabalho da Secretaria da Segurança Pública do Paraná. Já no domingo (16) a ministra da Saúde, Nísia Trindade, chegou à cidade para participar de um evento de lançamento de novos serviços da Central Saúde Já Curitiba.
“É motivo de espanto e estranheza, a presença de dois ministros do governo Lula – Flávio Dino, da Justiça, e Nísia Trindade, da Saúde – , cumprindo agenda em Curitiba sem que haja o mínimo de planejamento por parte do governo federal. Acabou a campanha e esqueceram de seus apoiadores no Paraná, fazendo questão das informações virem de última hora, por e-mails institucionais, sem preocupação alguma de confirmação da presença”, afirmou Requião Filho.
Segundo o parlamentar, os deputados da bancada estadual do PT foram informados de última hora por e-mails institucionais “sem nenhuma preocupação de confirmação de presença”.
“Não consigo entender esta posição do governo federal, e posso dizer do governo federal, porque já são dois ministros de pastas diferentes. Nós é que estamos aqui no Paraná, enfrentando os problemas e não devemos ser ignorados pelo governo que ajudamos a eleger”, completou.
PublicidadeFamília Requião e Lula
Filiado ao MDB por mais de 40 anos, Roberto Requião decidiu se filiar ao PT para disputar o governo do Paraná no ano passado. O ex-senador e ex-governador criticou Lula no início deste ano, quando o deputado paranaense Enio Verri (PT) foi confirmado para o comando da Itaipu Binacional. O cargo era cobiçado por Requião, mas o nome dele foi preterido após enfrentar resistência na própria base. Ele era um dos nomes cotados para a função após ter sido um dos principais cabos eleitorais de Lula nas eleições de 2022 no Paraná.
“Entrei no PT para apoiar o Lula e suas teses e para derrubar o Bolsonaro. Hoje me dizem que o PT já tinha Enio Verri e Paulo Bernardo, não precisava de mim e do Samek! Então foi um erro meu?”, escreveu Roberto Requião em suas redes sociais. Em entrevista ao UOL, no mês passado, Requião disse que Lula o usou na campanha eleitoral e nem sequer o convidou para a posse.
O Congresso em Foco procurou a presidente e o líder do PT na Câmara, os paranaenses Gleisi Hoffmann e Zeca Dirceu, para comentar as queixas de Requião e Requião Filho. Nenhum dos dois, no entanto, retornou a reportagem. Interlocutores dos dois ex-emedebistas afirmam que a relação entre o deputado estadual e o ex-senador com Gleisi é fria e praticamente inexistente no momento.
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