O senador Renan Calheiros (MDB-AL) vai concorrer à presidência do Senado em busca de seu quinto mandato à frente da Casa. Renan venceu a disputa interna com a ex-líder do partido Simone Tebet (MS), em votação apertada na bancada, por sete votos a cinco. Dos 13 senadores do MDB, apenas Jarbas Vasconcelos (PE), que já havia declarado apoio à colega, não estava presente.
Após a reunião, Simone descartou a possibilidade de insistir com uma candidatura avulsa. “O MDB tem a maior bancada, eu não poderia sair candidata desrespeitando uma decisão da bancada. Seria até leviano da minha parte”, disse. “Já temos muitas opções para oferecer aos colegas. Não sou mais candidata. Agora sou uma eleitora”, acrescentou.
A senadora reiterou sua insatisfação com o MDB e indicou que pode votar em candidato de outro partido. “Já falei outras vezes sobre as minhas divergências com o meu partido, vocês podem recuperar minhas declarações na própria imprensa e não voltarei a me pronunciar sobre isso, até para não cometer uma falta de respeito com a minha bancada”, declarou. “Eu posso um dia sair do MDB, mas não será para ganhar a presidência da Mesa”, ressaltou.
A posição de Simone Tebet frustra as expectativas de outros senadores, que a estimulavam a concorrer como candidata avulsa. Alguns postulantes à presidência do Senado admitiam abrir mão da candidatura para apoiá-la.
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PublicidadeRenan sempre negou publicamente a intenção de disputar a presidência do Senado, mas agia intensamente nos bastidores para voltar ao comando da Casa. “Vejam por que nunca cogitei e não postulei ser presidente do Senado. O Ministério Público Federal jamais iria me apoiar”, escreveu minutos antes de entrar para a reunião da bancada no Twitter.
O comentário foi uma provocação ao Ministério Público Federal devido ao vazamento de um áudio de 2014, nesta quinta-feira (31), em que ele conversa com o empresário Joesley Batista e o ex-diretor de relações institucionais do grupo J&F Ricardo Saud. Em uma das gravações, Renan procura Joesley para discutir nomeação no Ministério da Agricultura. Na época, ele era presidente do Senado. Nas conversas Renan demonstra intimidade com os dois executivos.
A disputa deste ano é a mais acirrada da história da Casa. Com a saída de Simone, oito senadores postulam o comando da Casa. Além de Renan, também estão na disputa Alvaro Dias (Podemos-PR), Ângelo Coronel (PSD-BA), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Espiridião Amin (PP-SC), Major Olímpio (PSL-SP), Reguffe (sem partido-DF) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Após duas reuniões nesta quinta, o grupo de senadores que pretende enfrentar Renan se comprometeu a atuar em conjunto para garantir em plenário a abertura da votação e a realização de dois dois turnos caso nenhum dos candidatos alcance a maioria absoluta dos votos (41). Esses dois pontos são considerados estratégicos para a eleição. A avaliação dos adversários de Renan é que o voto aberto desfavorece o emedebista, pois vários senadores poderiam ficar constrangidos em votar abertamente nele, devido ao seu histórico de denúncias.
Na reunião, alguns senadores propuseram a Simone que ela deixasse o partido para se candidatar, mas ela não aceitou a sugestão. Eles alegaram que têm dificuldade para compor com a legenda, bastante desgastada com as várias denúncias feitas a algumas de suas principais lideranças.