A CPI da Covid dará prazo de 30 dias, a contar da entrega do relatório final, no último dia 27, para o procurador-geral da República, Augusto Aras, tomar providências em relação às autoridades com pedidos de indiciamento, entre elas, o presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o procurador-geral deverá ser convocado pelo Senado a prestar esclarecimentos se não agir em relação aos pedidos de investigação até o próximo dia 27.
“Se a Procuradoria-Geral da República não tiver despachado encaminhamentos concretos, quero informar que nós vamos convocar o procurador-geral da República para dar explicações no Senado Federal”, disse Randolfe nesta quinta-feira (4) durante o Congresso em Foco Talk. O programa, mediado pelo fundador do Congresso em Foco, Sylvio Costa, também teve a participação da deputada Natália Bonavides (PT-RN).
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Segundo Randolfe, a convocação de Aras em caso de omissão pelos próximos 30 dias é uma decisão já tomada pelo Observatório da Pandemia, grupo criado a partir da CPI. “Falo isso com o lastro do depoimento de outros procuradores da República, como Raquel Dodge, que disse que o relatório da CPI é tão substancial que ela, no curso da PGR, não pensaria duas vezes em abrir ação penal.”
No último dia 28, Aras determinou a abertura de uma investigação preliminar para apurar as denúncias apresentadas pela CPI da Covid contra Bolsonaro, por meio da chamada notícia de fato. Para Randolfe, a medida é insuficiente. “Vamos combinar, investigação preliminar é o trabalho que nós já fizemos. Chega a ser um acinte a um serviço que nós fizemos por seis meses, a olhos vistos da sociedade, transmitido diariamente por todos os canais de televisão, por todos os sites de notícias”, ressaltou o senador. “Entregamos ao PGR 1 terabyte de documentos. Esperava um pouco além de investigação preliminar”, emendou o vice-presidente da CPI.
PublicidadeAdvogada, Natália Bonavides disse que o expediente utilizado por Aras representa uma nova forma de engavetar denúncias. Ela lembrou que há um ano entrou com pedido de investigação sobre o uso de órgãos do governo federal na defesa pessoal do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Apesar da abertura da investigação preliminar, o caso não teve qualquer desdobramento por parte da PGR. “[Investigação preliminar] essa está sendo a nova gaveta”, afirmou a deputada.
Durante o Congresso em Foco Talk, os dois também falaram sobre as perspectivas para as eleições de 2022. Para Natália, não há espaço para uma chamada “terceira via”. A deputada acredita que a polarização entre Lula e Bolsonaro marcará a campanha. Segundo ela, há uma tentativa de candidatos que se apresentam como terceira via de se apresentarem como nomes de centro, quando a maioria é, na verdade, de centro-direita. Randolfe também demonstrou ceticismo em relação ao surgimento de um nome que se contraponha a Lula e a Bolsonaro. Na avaliação dele, seja quais forem os candidatos, uma coisa é certa: “Este país não suporta mais quatro anos de governo Bolsonaro”.
Assista à íntegra do Congresso em Foco Talk desta quinta-feira:
> Tebet, senadora do ano: “Aras sabe das consequências da sua omissão”
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