Restando um dia para a eleição para a presidência do Senado para o biênio 2023-2024, a bancada do MDB formalizou seu apoio à recondução de Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A adesão do partido que conta com dez senadores cristalizou seu bloco de campanha, que conta também com PSD, PDT, PT, Rede e PSB. Dois fatores restam para que Pacheco possa se reeleger: a adesão da maioria do União Brasil e a coesão das siglas que o apoiam, uma vez que o voto dos senadores é secreto.
Para derrotar os candidatos Eduardo Girão (Podemos-CE) e Rogério Marinho (PL-RN), Pacheco necessita alcançar 41 votos. A soma das bancadas de seu bloco, excluindo divergentes, já contém 42 senadores. Quatro, porém, já anunciaram apoio ao candidato do PL: três nomes divergentes no PSD e mais um no MDB. Entre os demais partidos, a maioria já decidiu formalmente ou por meio de declarações de seus membros o voto em Rogério Marinho.
O partido restante é o União Brasil, com nove senadores. Entre eles, estão dois pólos de apoio: Davi Alcolumbre (RR) é aliado de longa data de Pacheco, e articulador de sua campanha. Do outro lado está Sergio Moro (PR), oposicionista que enxerga o senador mineiro como o nome do governo no Senado, em um momento em que o partido está dividido entre quadros que desejam independência, com margem de oposição, e quadros que já articulam para incluir o partido no governo.
Leia também
Conheça a nova composição do Senado
Meio a meio
De acordo com a senadora Soraya Thronicke (União-MS), os senadores do União que já decidiram estão divididos em meio a meio, com ligeira vantagem para Pacheco. Ela própria ainda não se decidiu. “É um momento muito polarizado. Não vejo que Pacheco seja o candidato do Lula, mas foi posto isso”, explicou. A associação do atual presidente do Senado ao presidente da República é inclusive explorada por militantes do PL para atrair apoio à sua candidatura nas redes sociais.
Outra bancada liberada é a do Podemos. Esta porém, além de ter um candidato próprio, tende a votar em Marinho. Os quadros do partido favoráveis à recondução de Pacheco migraram para o PSB, que passou de um para quatro senadores. Marinho ainda articula junto a Eduardo Girão para que abra mão da campanha e se junte a ele em uma candidatura única.
Dentro do MDB, o líder Eduardo Braga (MDB-AM) afirma reconhecer a divergência interna, mesmo com o apoio formal ao atual presidente. “Estamos trabalhando pela unidade, mas respeitamos os divergentes, afinal o voto é secreto”, declarou. Apesar de ocupar o espaço de vice-presidência na chapa de Pacheco, o MDB tem como quadro divergente a senadora Ivete da Silveira (MDB-SC).
Caso alcance os quatro votos do União Brasil, contando com Alcolumbre, Pacheco terá o apoio necessário para vencer. Essa vitória, porém, depende não apenas da articulação com o partido como também da lealdade dos que o apoiam, tendo em vista que o voto dos senadores é secreto, havendo a possibilidade de trair a orientação de suas bancadas.
A estimativa dos aliados de Pacheco é com um cenário mais otimista, de certa de 50 votos. O senador Marcelo Castro (MDB-PI), que atua no Congresso Nacional há 24 anos, afirma compartilhar da estimativa, e acha pouco provável uma reversão com votos de traição. “Não existe isso. Não existe voto secreto no parlamento: todo mundo sabe quem votou em quem. Pode até haver dúvida no voto de um, dois ou três [senadores]. Mas no final, o parlamentar que faz isso acaba descoberto”.
Resultado da eleição no Senado demarcará tamanho da extrema-direita bolsonarista
Deixe um comentário